Ironias, gozações, manifestações grosseiras e agressões físicas. Esta é a realidade enfrentada por 47% dos gays, lésbicas, bissexuais, travestis ou transexuais no país, segundo pesquisa divulgada nesta semana pela Fundação Perseu Abramo.O documento revela também que 53% dessa população sentiram-se discriminados por sua orientação sexual pelo menos uma vez na vida.
;São níveis diferentes de violência entre os LGBTT;, ponderou a presidente da Associação de Travestis do Rio, Marjorie Marchi. ;Obviamente que na fase adulta, devido a todo um preconceito institucional e ao fato de a única forma de autossustento das travestis ser a prostituição, elas ficam muito mais expostas e mais vulneráveis;, alertou.
Além da violência praticada por desconhecidos, como acontece com muitas travestis, os entrevistados no estudo também revelaram ter sido vítimas de violência psicológica, moral ou verbal por parte dos próprios familiares.
Piadas de mau gosto, por exemplo, caracterizadas como ironia ou gozação, estão em primeiro lugar e equivalem a 42% dessa violência. Manifestações grosseiras e ofensas representam 31% e agressões físicas somam 7%.
Para chegar a essas conclusões, os especialistas ouviram 413 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros com mais de 16 anos, em nove regiões metropolitanas.
A maior parte dos entrevistados (70%) também avaliou que o combate à discriminação exige leis que punam os atos de homofobia, além de campanhas de conscientização nos meios de comunicação e nas escolas (33%).
Os dados constam da segunda parte da pesquisa, que revelou como a população em geral se relaciona os LGBTT. Constatou que há preconceito alto ou médio em relação a homossexuais por parte de 45% dos brasileiros e aversão por cerca de 25%.
O coordenador do estudo, Gustavo Venturi, destaca que, apesar de outras pesquisas revelarem que os brasileiros reconhecem o próprio preconceito, em nenhuma o número de preconceituosos assumidos em relação a outro grupo é tão grande como contra os homossexuais.
Na pesquisa sobre preconceito contra idosos, por exemplo, 85% afirmaram que há preconceito contra esse segmento, mas só 4% admitiram ser preconceituosos, explicou Venturi. "Em relação aos homossexuais, 27% admitiram abertamente o preconceito."