A Arquidiocese do Rio gastou pelo menos R$ 15 milhões no período de 16 meses em que seus bens foram administrados pelo padre Edvino Alexandre Steckel, afastado na semana passada. Os cálculos foram apresentados pelo monsenhor Abílio Ferreira da Nova, reconduzido ao cargo de ecônomo da instituição pelo novo arcebispo, dom Orani Tempesta. A saída de Steckel foi anunciada após a divulgação da compra, por R$ 2,2 milhões, de um apartamento no Flamengo, na zona sul do Rio, que seria usado pelo ex-arcebispo dom Eusébio Oscar Scheid.
Na ocasião, Tempesta chegou a adiar uma viagem à Alemanha. Além do apartamento, o monsenhor critica gastos do antecessor na reforma da própria sala e da recepção da Arquidiocese, na compra de móveis "de grife" e de três carros da Volkswagen (um Polo e dois Jettas importados). Blindado, um dos Jettas não foi devolvido, segundo Abílio. "Foi uma ofensa ao povo de Deus. São compras que não precisavam ser feitas, um verdadeiro desperdício. A gente vive e trabalha para os pobres. Temos de voltar à austeridade de antigamente. Vamos voltar", disse o monsenhor.
Aos 75 anos, ele disse que nunca teve carro da igreja. "Estamos levantando as coisas para saber com exatidão onde está esse dinheiro todo". Abílio também citou a demissão de 67 funcionários, em junho do ano passado. "Precisamos reparar os danos que foram feitos com nossos empregados. Isso é muito importante. Eles foram humilhados, ficaram sem trabalho." Seis foram chamados de volta. Ontem, Adionel Carlos da Cunha foi reconduzido ao cargo de assessor de imprensa da Arquidiocese. Steckel não foi localizado hoje pela reportagem. Reitor da Igreja Nossa Senhora do Parto, no centro do Rio, ele não foi à igreja.