O atendimento ao morador de rua mudou em São Paulo. Albergues tradicionais do centro, por onde transitavam todos os dias parte dos 10,7 mil desabrigados da capital, foram fechados. O acolhimento ocorrerá agora principalmente em três ;centros de convivência; diurnos - chamados de Centro-Dia. Esses locais - 1 em Santa Cecília e 2 no Parque D. Pedro II - são a maior aposta da secretária da Assistência Social e vice-prefeita, Alda Marco Antonio (PMDB).
;Estão ocorrendo mudanças e elas vão continuar. Se em seis meses esse novo modelo não tiver resultado, pensaremos em outro;, afirma a secretária, criticada por entidades que classificam sua política de ;higienista; para a região central. As mudanças já causam polêmica entre entidades envolvidas há duas décadas na assistência à população de rua.
A secretária admitiu, por exemplo, que não gosta de ver moradores de rua ;comendo em chãos duros;. Ela disse que as entidades que distribuem sopas e alimentos serão convidadas a fazer o trabalho dentro dos centros de convivência.
Nos centros, os moradores vão poder passar o dia recebendo atendimento psicológico, médico e social. Esses locais, porém, não terão dormitório. Segundo o governo, os moradores terão a opção de ser removidos para outros albergues, no fim do dia. Para entidades, a secretária quer afastar os desabrigados do centro. Em março, foi fechado o principal abrigo da região central, o São Francisco (no Glicério), com capacidade para 720 pessoas. Antes, o Centro de Acolhida Jacareí, na Bela Vista, já havia sido fechado, em julho.
E as entidades também reclamam do atraso nos repasses do governo. ;Fechamos albergues que não tinham condições sanitárias mas fizemos remanejamento de vagas para outras unidades. Não houve extinção de lugares;, argumenta. ;O aumento dos moradores de rua pode ser um reflexo direto da crise;, acrescenta.