Biólogos gaúchos lançaram uma campanha para proteger os bugios. Relatos de violência contra os animais surgiram desde o início do surto de febre amarela no estado. ;Falta informação;, aponta o pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Júlio César Bicca-Marques. ;Algumas pessoas pensam que os macacos trouxeram a doença;.
Em um levantamento preliminar, que reúne dados veiculados pela mídia desde 2007, o Conservação de Primatas Brasileiros (CPB) reuniu 13 ocorrências de violência contra os primatas durante surtos da doença, que resultaram em sequelas ou morte de 150 animais em oito estados.
A campanha, intitulada Proteja seu Anjo da Guarda, pretende mostrar que os animais prestam um importante auxílio no combate à doença. ;A descoberta de animais mortos serve de alerta para que o Estado promova campanhas de vacinação e imunize a população;, explica o biólogo. A maioria dos animais seria vítima de envenenamento, método mais discreto do que o uso de armas de fogo. Ainda não se sabe com certeza quais são os reservatórios naturais do vírus da febre amarela.
;Os macacos não são reservatórios naturais do vírus da febre amarela;, afirma Ricardo Lourenço de Oliveira, especialista em transmissão de parasitas do sangue e vice-diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC-Fiocruz). ;Pesquisas mostram que o vírus da dengue pode ser transmitido verticalmente por várias gerações de mosquitos Aedes aegypti;, aponta Oliveira. Thaís Leiroz Codenotti, da organização não governamental Associação para Conservação da Vida Silvestre (Convidas), recorda o testemunho de professoras do ensino fundamental: alguns alunos da zona rural contaram que os pais pretendiam eliminar os bugios para afastar a ameaça da doença.