Um levantamento feito pelo Serviço Nacional de Orientações e Informações sobre Prevenção ao Uso Indevido de Drogas (Vivavoz) revelou que a maconha é a porta de entrada para o uso de drogas mais pesadas. De acordo com a coordenadora do Vivavoz, Helena Barros, 50% das pessoas que se declararam usuárias de maconha também costumavam consumir cocaína e crack.
A pesquisa, realizada entre janeiro de 2006 e setembro de 2007, ouviu cerca de mil pessoas usuárias de maconha. Segundo ela, os usuários telefonaram para o serviço porque estavam preocupados com a forma como a maconha estava prejudicando a vida deles.
Algumas dessas pessoas começaram a notar que já tinham comprometimento ou dificuldade para executar algumas tarefas, algum problema de memória e s vezes algum problema relacionado sexualidade, disse.
De acordo com Helena, os usuários conheciam alguns efeitos da maconha, que é uma droga psicotrópica leve, mas não acreditavam que teriam problemas com o consumo. Além disso, o aumento do uso e a inserção dos usuários em um meio ilícito permitiram que eles tivessem contato com drogas mais fortes.
A coordenadora também disse que o álcool e o tabaco levam ao consumo de drogas ilícitas. Basicamente o álcool, porque na população brasileira ainda existe muita permissividade, afirmou
Helena acredita que os resultados da pesquisa demonstram que a discussão sobre a liberação e transformação da maconha numa droga lícita não é adequada.
Se levarmos em conta que 10% da população é dependente de álcool 10% é dependente de tabaco, só 0,5% é dependente de maconha. Se nós liberássemos o uso da maconha, certamente nós teríamos 10% da população da população ou próximo a isso, sendo dependente, afirmou.
O Vivavoz é um serviço telefônico gratuito especializado em prestar informações sobre drogas, além de oferecer apoio a usuários e familiares. O programa é uma parceria entre a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad).
O serviço recebe cerca de 3 mil ligações mensais pelo telefone 0800-510-0015. Segundo Helena, metade das ligações é de parentes e amigos de usuários. O atendimento é realizado das 8h s 24h, de segunda a sexta.