Jornal Correio Braziliense

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Chesf aumenta vazão de Sobradinho para evitar que reservatório transborde

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A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) vai aumentar a quantidade de água liberada da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, no Rio São Francisco, para evitar que o lago transborde. A decisão foi tomada hoje (27/04) depois que o reservatório da usina atingiu 100% de sua capacidade. A medida deverá atingir comunidades ribeirinhas do município de Juazeiro, na Bahia. Na última sexta-feira (24/04), a chamada vazão de defluência do rio foi elevada de 2 mil para 2,7 mil metros cúbicos por segundo e deve chegar a 4 mil metros cúbicos por segundo até a próxima quarta-feira. De acordo com o superintendente de Comercialização da Chesf, João Henrique Neto, a situação é absolutamente normal. O limite de defluência é de 8 mil [metros cúbicos por segundo]. Estamos na metade. Com esse patamar, a expectativa é que não haja grandes transtornos para a população ribeirinha, avaliou. O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Antonio Thomaz Machado, também acredita que não há risco de grandes inundações para as comunidades que vivem as margens do rio. O volume de vazão até agora é razoável, não cria problemas de cheia, ainda é administrável. A probabilidade de verter água existe. Aconteceu com o reservatório de Três Marias, mas sem maiores consequências, afirmou. Segundo Machado, o comitê está acompanhando as medidas tomadas pela Chesf. De acordo com o representante da companhia, há possibilidade de alagamento de duas áreas específicas: o bairro Angari e o complexo turístico da Ilha do Rodeadouro, ambos em Juazeiro, na divisa entre Bahia e Pernambuco. O secretário de Defesa Social do município, Dalmir Pedra, disse que o governo local está preparado para agir em caso de inundação, mas que não é possível atuar preventivamente por causa da resistência dos pescadores em deixar o local. Os moradores de Angari já foram notificados, mas se recusam a sair. A resistência em deixar o local é muito grande. "Algumas pessoas já foram até indenizadas para sair do bairro, mas voltaram", relatou. Segundo Pedra, alguns pescadores não querem sair da colônia para não perder o direito ao chamado seguro-defeso, benefício repassado pelo governo federal a pescadores durante a piracema, época de reprodução de peixes em que a pesca é proibida. Trabalhamos junto com a Defesa Civil. Se houver um desastre, vamos fazer a transferência do pessoal para abrigos e escolas, adiantou o secretário. A secretaria está preparando um estudo para urbanizar o bairro, com medidas como a elevação de áreas que atualmente ficam abaixo do nível do São Francisco. No entanto, não há previsão de quando a medida será implementada. Em relação Ilha do Rodeadouro, Pedra reconheceu que não há alternativas para os comerciantes da área. A água atinge algumas barracas que ficam muito na beira. O turismo diminui mesmo na região, até porque o rio não fica bom para nadar quando está muio cheio. A Chesf pretende manter o patamar de vazão do rio em 4 mil metros cúbicos por segundo pelos próximos 10 dias. Após esse período, a liberação de água deverá voltar ao volume normal, de 2 mil metros cúbicos por segundo.