Trabalhadores sem-terra e seguranças da Fazenda Esperança, pertencente à agropecuária Santa Bárbara, de propriedade do banqueiro Daniel Dantas, em Xinguara (PA), trocaram tiros na tarde deste sábado (18/4). Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), nove camponeses ficaram feridos, dois em estado grave. Eles foram encaminhados para hospitais do município e também das cidades vizinhas de Eldorado dos Carajás e Marabá.
A gerência da fazenda informou que um segurança foi ferido no rosto. Jornalistas de emissoras de tevê paraenses estavam no local e ficaram presos na fazenda. De acordo com o advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT), José Batista, dois sem-terra ainda estavam na fazenda sequestrados pelos seguranças. "Já entramos em contato com as autoridades pedindo que a libertação deles seja providenciada", disse.
Segundo Batista, o conflito começou por volta de 12h. Seguranças da fazenda teriam flagrado integrantes de um acampamento colhendo palhas na propriedade. Um dos sem-terra teria sido, então, levado para a sede da fazenda e espancado. Os demais teriam voltado ao acampamento e reunido um grupo maior de pessoas, que teriam ido resgatar o colega armadas de espingardas e facões.
O gerente da Fazenda Esperança, Oscar Bollier, conta outra versão. Ele diz que os sem-terra tentaram invadir a sede da fazenda e que chegaram a sequestrar um motorista da empresa, obrigando-o a levá-los até o local. Os funcionários teriam impedido a passagem com um caminhão. Mais tarde, os sem-terra teriam investido novamente e atirado. "Aí não teve como não ter o revide", diz Oscar. Segundo o gerente, no conflito, um sem-terra e um segurança ficaram feridos.
Oscar disse que ele, os funcionários da fazenda e jornalistas de tevê que estavam no local na hora do conflito estavam trancados em alojamentos da propriedade com medo de sair durante a noite. "Estamos presos aqui, com medo de eles voltarem", disse.
Tanto o MST como a agropecuária Santa Bárbara soltaram notas sobre o caso. A empresa afirmou que "sem-terra invasores armados" mantinham presos jornalistas da imprensa paraense. "Eles correm risco de morte e a tensão está cada vez maior no local", dizia o informe. O texto do movimento informava que "pistoleiros da Fazenda Espírito Santo balearam trabalhadores rurais que voltavam das mobilizações em torno do Massacre de Eldorado dos Carajás".