Cerca de cem pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam nesta quinta-feira (16/04) a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Recife. A intenção dos trabalhadores é ficar pelo menos até o dia 27, quando o superintendente estadual do órgão, Abelardo Siqueira, tem encontro em Brasília para discutir a reivindicação do movimento. Os sem-terra querem a instalação de assentamento no Engenho Planalto, de cerca de mil hectares, localizado no município metropolitano de Paudalho.
A área já foi desapropriada e o Incra chegou a se envolver com a posse, que foi suspensa por decisão judicial atendendo a famílias que moram na terra e querem fazer parte do assentamento. O Incra iniciou um trabalho de identificação das famílias, para uma triagem, o que não foi concluído por falta de recursos.
"Vamos ficar aqui pelo menos até esse encontro", afirmou Cícero Oliveira, da direção estadual do MST e que está à frente da ocupação. "Dependendo do que ocorrer, podemos permanecer mais tempo ainda". Ele disse que as famílias ficarão por enquanto dentro do prédio. A intenção é começar a instalar barracas com lona preta a partir de amanhã - aniversário do massacre de Eldorado de Carajás, no Pará, ocorrido há 13 anos, com a morte de 19 trabalhadores pela PM.
Também amanhã se encerra a jornada nacional de luta pela reforma agrária. Nesta semana, o MST fez três ocupações de terra no Estado. De acordo com o MST, os sem-terra ocuparam a área seis vezes - e seis vezes foram despejados do Engenho Planalto desde 1996. Depois, em um acordo com o Incra, deixaram a área e acamparam às margens da BR-408, perto da área, aguardando o levantamento dos moradores, com quem aceitam dividir o assentamento. "Isso já faz dois anos", destacou Oliveira