Edna Paixão de Andrade, de 50 anos, não se conforma com a morte brutal da sobrinha Amanda Glívia Vale, de 19, que saiu para ir a um baile e foi encontrada morta, com as mãos decepadas e com sinais de violência sexual, em Lagoa Dourada, no Campo das Vertentes, em Minas Gerais. ;A pessoa que fez isso não tem coração. Arrancou as mãozinhas dela. É um monstro;, chorava Edna.
O tio Sebastião José Andrade, de 56, contou que a sobrinha juntava dinheiro para pagar um cursinho. ;Seu sonho era passar no concurso da Polícia Civil;, disse. A prima Edilene Maria de Andrade, de 29, conta que as amigas de Amanda telefonaram para ela pouco antes de ela sair de casa, apressando-a para a festa. ;Amanda disse que estava acabando de arrumar os cabelos e que iria em seguida;, disse Edilene. Antes de chegar do trabalho, Amanda passou na casa de uma prima, que sofre de depressão e tentou animá-la a ir à festa.
A estudante Paloma Cristina de Melo, de 19, aguardava por Amanda na festa. ;Toda vez que passava pela lanchonete, ela me recebia com um sorriso, dizendo que estava com muita saudade. Ela não tinha o costume de sair, mas decidiu ir à festa para reencontrar suas amigas e colegas de escola;, disse Paloma, que está assustada com a violência. ;Não tenho mais coragem de sair à noite. O assassino pode ser um psicopata e estar no meio da gente, sem ninguém desconfiar;, disse.
Mas, segundo o delegado Marcos Alvim Caetano, o criminoso não deve ser do município. A cidade é cortada pela BR-383 e, segundo ele, alguém pode ter conhecido a vítima na lanchonete e se interessado por ela. ;Lagoa Dourada tem um trânsito intenso de turistas indo para cidades históricas, como São João del-Rei e Tiradentes. Muitas pessoas estranhas param na cidade e até os crimes de roubo e furto são cometidos por gente de fora;, disse o policial. ;Suspeitamos que ela tenha sido vítima de estupro ou de crime passional;, afirmou. O laudo que vai revelar se Amanda foi realmente estuprada deve ficar pronto em 30 dias.
O padre Jair Rodrigues de Castro conta que o domingo foi de tristeza. ;Estou há 20 anos em Lagoa Dourada e nunca presenciei crime tão bárbaro e misterioso". Segundo ele, o pároco quis cancelar a procissão, mas as pessoas já estavam aguardando e as ruas, enfeitadas com tapetes. ;A procissão foi pouco calorosa, sem os tradicionais foguetes, pois toda a cidade estava chocada;, disse.
Na despedida da jovem, uma oração escrita por ela foi colocada sobre o caixão: ;Deus, tomai as minhas mãos e me conduz para onde quisestes. Não cabe a mim perguntar por que e para onde serei conduzida;, dizia um trecho da mensagem.