A maioria dos hospitais paulistas, públicos ou privados (isto é, 75% dele), descumpre normas para o controle de infecções hospitalares, segundo estudo inédito requisitado pelo Ministério Público Estadual ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). As falhas foram detectadas dez anos depois de o Ministério da Saúde editar regulamentação que obriga as unidades a ter um programa de combate às infecções e uma equipe de profissionais dedicados à tarefa de evitar que fungos, bactérias e vírus prejudiquem os pacientes durante ou após a internação.
De acordo com o levantamento, realizado a partir de uma amostra de 158 hospitais, representativa das 741 unidades hospitalares do estado, 75% descumpriam alguns dos itens considerados essenciais para evitar infecções. Mesmo entre aqueles que declaravam ter programas de controle das infecções, 92% descumpriam algum dos pontos importantes para o trabalho ser considerado completo.
O estudo é resultado de vistorias feitas pelo Cremesp entre outubro de 2007 e janeiro do ano passado. Segundo o conselho, não foram pesquisados níveis de infecção e os resultados não significam que o problema exista nesses hospitais. Entre as irregularidades encontradas estão equipes incompletas de controle de infecções ou até a ausência de comissões , além de falta de lavatórios e métodos de trabalho inadequados nas centrais de esterilização de materiais, como falta de separação adequada de instrumentos sujos e limpos.
Além disso, foram detectados descontrole na administração de antibióticos e falta de água corrente e sabão em áreas em que a limpeza das mãos é muito necessária, como as UTIs. O Cremesp e a Promotoria não divulgaram detalhes dos problemas. Os representantes do conselho enfatizaram ainda a dificuldade de se comparar instituições de diferentes perfis assistenciais, justificando assim a não divulgação de um ranking.