Os serviços públicos de medicina nuclear, que atendem cerca de 10 mil pacientes por dia no País, correm o risco de diminuir ou suspender exames de cintilografia. O motivo é a defasagem na tabela de remuneração do Sistema Único de Saúde. Clínicas e hospitais acumulam prejuízo estimado em cerca de R$ 3 milhões desde fevereiro, quando os geradores de tecnécio (Tc) - principal produto usado para realizar o exame - tiveram alta de 70%
Antes de o aumento ser repassado, a Sociedade Brasileira de Biologia, Medicina Nuclear e Imagem Molecular (SBBMN) calculou o reajuste necessário na tabela do SUS e enviou o estudo ao Ministério da Saúde. Pelo levantamento, os valores pagos pelo governo para os diferentes tipos de cintilografia precisariam ser elevados em 32%, em média. O déficit para as clínicas e hospitais, segundo dados da SBBMN, chegaria a R$ 3 milhões. Apenas os exames de cintilografia óssea, para diagnosticar metástase de câncer nos ossos, teriam gerado prejuízo de R$ 400 mil nesses dois meses.
;Não podemos interromper os exames, mas não sei até quando os serviços vão aguentar;, diz o presidente da SBBMN, José Soares Júnior. Na opinião de Eduardo Nóbrega, diretor do departamento de Medicina Nuclear do hospital A.C. Camargo, o problema mostra a falta de racionalidade do sistema. ;Tanto o órgão que vende (Ipen) quanto o que paga (Ministério da Saúde) são do governo;, diz. Procurado pela reportagem do Estado, o ministério afirma que ainda está avaliando o reajuste para os procedimentos.