O ministro da Justiça, Tarso Genro, deu prazo para obtenção de "efeitos positivos" no combate ao crime organizado do Rio de Janeiro. "Se nós não dermos a demonstração que em dois ou três anos estamos tendo efeitos positivos no combate ao crime e no resgate da juventude, nós estaremos dando demonstração de fracasso para todo o País", disse o ministro. Na aula inaugural a 300 policiais do Curso de Aprimoramento da Prática Policial Cidadã do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), no Comando da Polícia Militar, no Centro do Rio de Janeiro, Tarso afirmou que o crime organizado já possui vínculos na esfera política do Rio.
Aos policiais, Tarso afirmou que o tráfico de drogas no Rio de Janeiro "começa a aprofundar seus vínculos com as esferas da política e a produzir lideranças em diversos partidos políticos e setores ideológicos, que aparecem com uma força econômica excepcional nas campanhas eleitorais". No entanto, ao ser questionado por jornalistas no final da palestra, o ministro não quis comentar quais as comunidades e lideranças políticas teriam sido eleitas pelo crime organizado. "Não citaria nomes. No entanto, o crime organizado, não somente no Brasil, chega um determinado momento que ele 'transcresce' em direção à política e cria quadros políticos."
Tarso afirmou que o Rio de Janeiro é uma "batalha fundamental" na mudança do paradigma de segurança pública no país e demonstrou preocupação com o crescimento do consumo de crack nas favelas cariocas. "Hoje, com a multiplicação do crack, o exército de reserva do tráfico é reposto todos os dias. Os jovens vão morrendo e eles vão repondo. Há vagas sobrando para isso. É uma tragédia para nossa juventude e para estas comunidades", lamentou. A assessoria de Comunicação da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro informou que o secretário José Mariano Beltrame estava viajando e que não comentaria as declarações do ministro.
Pernambuco
Tarso Genro comemorou os primeiros números da pesquisa do governo federal sobre o impacto do Pronasci na cidade de Santo Amaro, na Região Metropolitana de Recife. Segundo ele, houve diminuição de 50% no número de homicídios nos primeiros seis meses do programa na cidade, onde os investimentos do Pronasci são de cerca de R$ 70 milhões.