Ao visitar um dos municípios cobertos pela floresta amazônica que ainda não foram alvos da pecuária e da indústria madeireira, a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), defendeu o aumento de 20% para 50% do porcentual que pode ser desmatado em propriedades rurais da região. A proposta, defendida por pecuaristas e produtores de soja, foi apresentada num encontro com garimpeiros, fazendeiros, estudantes e sindicalistas de Itaituba, a 1.350 km de Belém, onde a área desmatada era de 7% até 2007.
;Vamos resgatar a Amazônia, mas não como eles querem;, afirmou. A afirmação da governadora, presenciada pela reportagem na última terça-feira (31/3), foi feita logo após um discurso não menos exaltado de um estudante de escola pública. ;Tem cobra na sala de aula;, gritou um estudante de 15 anos. ;A gente não tem carteira e precisa tirar a água com rodo quando chove.; Foi o suficiente para Ana Júlia se revoltar e dizer que os ;pobres; estão gostando das ações dela na área do ensino, reclamar da ;herança; deixada pelo PSDB e defender a política ambiental.
Sobrou até para Arnold Schwarzenegger, governador da Califórnia. ;Vou falar para o Schwarzenegger, eles não fizeram nada para proteger a floresta deles, agora querem falar da Amazônia;, disse. Depois, mais calma, a governadora disse ao jornal O Estado de S. Paulo que sua política é garantir o desenvolvimento sem derrubar a floresta e que tinha sido mal compreendida. ;Desculpe-me, tive de fazer uma intervenção menos técnica.
A proposta é permitir, onde já tem degradação, que se reduza a reserva legal. Nessas áreas, as pessoas que desmataram 80% da cobertura terão de recuperar parte da mata até chegar a 50%;, explicou. ;Aqui a gente combate a grilagem, a picaretagem;, afirmou. ;Ao mesmo tempo, não posso permitir que pessoas morram de fome por causa de uma ONG.;