São Paulo - Uma missa realizada na manhã deste domingo (29/03) na Igreja Nossa Senhora dos Prazeres, na zona norte, lembrou o primeiro ano da morte de Isabella Nardoni, de 5 anos. A cerimônia foi acompanhada por cerca de 500 pessoas, entre parentes e amigos, e foi presidida pelo padre Humberto Robson de Carvalho, o mesmo que batizou a menina na Paróquia São Francisco Xavier, no Jardim Japão.
Isabella morreu ao ser jogada da janela do apartamento onde morava seu pai, Alexandre Nardoni, e sua madrasta, Anna Carolina Jatobá. Eles são acusados do assassinato da criança e irão a júri popular pelo crime. O casal está preso há 11 meses em presídios de Tremembé, a 147 km da capital.
A mãe de Isabella assistiu à missa na primeira fila de igreja ao lado dos pais e de Massataka Ota, pai do garoto Ives Ota, de 8 anos, sequestrado e morto por dois policiais em setembro de 1997 Eles vestiam camisetas com uma foto estampada de Isabella com a frase "para sempre nossa estrelinha" escrita embaixo. "É um dia difícil, mas a gente supera", afirmou Ana Carolina sobre a data. Ela disse que a missa foi "muito bonita e emocionante".
Um dos momentos mais marcantes da cerimônia foi quando o padre Humberto entregou a Ana Carolina uma vela acesa. "Simboliza a presença dela (Isabella)", contou o padre que durante a missa falou sobre a morte e o julgamento de Deus. "Foi uma coincidência ler esse texto, mas diz que a morte, para o cristão, não é o fim, mas o encontro definitivo com Deus. Foi isso que aconteceu com Isabella", explicou o padre.
À pedido de Ana Carolina, o coral da Igreja cantou a música "Noites Traiçoeiras", do padre Marcelo Rossi, cujo refrão diz que "se a cruz pesada for, Cristo estará contigo. E o mundo pode até fazer você chorar, mas Deus te quer sorrindo.
O avô materno de Isabella, José Araújo de Oliveira, antes de ir à missa visitou o túmulo de neta no Cemitério Parque dos Pinheiros, no Jaçanã, zona norte. Segundo funcionários, ele pediu para que fossem retiradas do túmulo da criança duas coroas de flores enviadas ontem (28) pela família do pai de Isabella. Uma delas tinha uma faixa escrita "amor eterno papai, Pietro, Cauã e tia Carol". A outra dizia "saudades do vovô, vovó Nardoni, madrinha e família". As flores foram jogadas no lixo.
O túmulo de Isabella era o que tinha mais arranjos de flores ao redor da lápide levados por pessoas que também quiseram lembrar a data do assassinato. Entre elas estava a auxiliar de cozinha Suely Maria da Conceição, de 31 anos. Ela saiu de São Bernardo do Campo, no ABCD, para levar uma carta, uma faixa e duas plaquinhas em homenagem a Isabella. "Hoje faz um ano que ela morreu. A gente se comove. Sinto uma dor igual a que sentiria se isso tivesse ocorrido com minha filha."
A estudante Isabella de Morais Cavalcanti, de 7 anos, também foi prestar sua homenagem com um cartaz em formato de coração. A estudante foi ao cemitério com a mãe, a tia e a avó, a dona de casa Maria de Lourdes, de 60 anos, que mora em frente ao cemitério. "Todos os dias quando acordo, abro a janela e falo para meu bebê descansar em paz", revelou.