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Secretário de Segurança do Rio diz que usuário de droga também é responsável pela violência

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O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse nesta terça-feira (24/3) que parte da culpa pela violência causada pelo tráfico de drogas, como os confrontos acontecidos na última segunda (23/3) na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, também é do usuário de drogas. Segundo Beltrame, o viciado alimenta o crime com o seu dinheiro, principalmente nas favelas localizadas nos bairros ricos da cidade. "O usuário de drogas, dentro dessa cadeia, tem uma participação importante, assim como o produtor, o fornecedor, o transportador o vendedor. Essas pessoas brigam, no fundo, por dinheiro. E de onde sai o dinheiro? De quem consome. Quem consome tem que pagar e, naquelas áreas, paga e muito bem. O tráfico vai existir sempre onde existir viciado", afirmou o secretário. Para Beltrame, é preciso mudar a legislação que trata do usuário de drogas. Atualmente, quem for preso com uma pequena quantidade de maconha pode alegar que é para consumo próprio e sair livre da delegacia em seguida. "Essa discussão tem que tomar uma dimensão nacional ou até internacional. Temos que discutir o aspecto da legislação. Buscar um outro tipo de apenamento", disse Beltrame. O secretário de Segurança destacou que o problema central é a falta de efetivo e afirmou que está investindo R$ 10 milhões na Academia de Polícia, para formar 7 mil policiais até o fim do próximo ano. Beltrame recusou, porém, a possibilidade de contar com apoio federal e disse que não precisa do retorno da Força Nacional de Segurança para garantir o policiamento no estado. "Não vou pedir ajuda para uma força federal, porque ela vai ficar aqui por quanto tempo? Até eu formar os policiais que eu preciso? Ou vai ficar um tempo e vai embora, e o problema vai voltar para o colo da polícia?", indagou o secretário. A operação policial na Ladeira dos Tabajaras tinha o objetivo de reprimir a invasão da favela por um grupo de traficantes rivais, vindos da favela da Rocinha. Cinco supostos criminosos morreram nos confrontos, outros 19 foram presos e 23 armas de vários calibres, apreendidas, incluindo fuzis e metralhadoras, além de granadas e cerca de 1.400 munições.