Sem televisão, rádio ou telefone para acompanhar o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade da demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, índios que vivem na reserva começaram o dia com cantos e danças típicas.
A sessão foi suspensa nesta quarta-feira (18/3) para o almoço, e será retomada às 14h. O ministro Marco Aurélio Mello ainda não concluiu o seu voto, mas, pela leitura feita até o momento, ele já se posicionou contrário demarcação contínua.
Com músicas tradicionais da etnia Macuxi, majoritária na reserva os indígenas homenagearam a natureza, e fizeram amostras de artesanato tradicional da região, como peneiras, vassouras e outros utensílios de palha.
Cerca de 200 indígenas participaram da mobilização, número muito abaixo da expectativa do Conselho Indígena de Roraima (CIR), que previa a participação de três mil pessoas. De acordo com o líder Martinho Macuxi, a entidade não conseguiu providenciar transporte para levar mais índios até a reserva.
A expectativa entre os indígenas é que o STF mantenha o entendimento já declarado por oito dos 11 ministros da Corte em dezembro, favorável demarcação contínua da área e pela retirada dos grandes produtores de arroz.
Temos 35 anos de luta. Conseguimos que limitassem, demarcassem e homologassem a terra. Acreditamos que tudo isso deva ser confirmado como está, afirmou Martinho Macuxi, que espera receber informações sobre o julgamento de indígenas que acompanham a sessão no STF em Brasília, por meio de um dois telefones públicos instalados na área.
"Caso o STF mantenha a demarcação contínua da Raposa, a comemoração na reserva começará ainda hoje. Vamos fazer até um churrasco", disse o líder macuxi.