Cerca de 150 integrantes de movimentos feministas reunidas em São Paulo decidiram criar uma rede para monitoramento e controle da imagem da mulher na mídia. As militantes participaram do seminário Controle Social da Imagem da Mulher na Mídia, encerrado neste domingo (15/3).
Elas concluíram que é preciso reunir evidências e cobrar do Estado mudanças sobre a forma como a população feminina brasileira é retratada pelos meio de comunicação.
A mídia dissemina valores ideológicos que acabam transformando as mulheres em consumistas fúteis, em pessoas submissas e dependentes de seus maridos, criticou Terezinha Vicente Ferreira uma das participantes do seminário e também integrante da Articulação Mulher e Mídia em São Paulo.
Em entrevista Agência Brasil, Terezinha afirmou que a maior parte do material veiculado pelos meios de comunicação não transmite as informações necessárias e verdadeiras sobre o mundo feminino. Desta forma, acaba contribuindo com a desigualdade de gênero e de oportunidades existentes no país.
A mulher que aparece na TV não é a mulher real. Ela segue um padrão de beleza, tem um discurso padrão. Os programas que passam tarde ensinam a mulher a fazer crochê, artesanato e não a ser protagonista de sua vida social, econômica e política.
Para a integrante da Liga Brasileira de Lésbicas (LBL), Lourdinha Rodrigues, o seminário sobre a imagem da mulher foi um marco para o movimento feminista e para o controle social da mídia. Segundo ela, estiveram representadas todas as classes e movimentos feministas - sindicalistas, lésbicas, camponesas, negras - com o objetivo de mudar a visão da mídia sobre o sexo feminino.
A criação da rede de controle da imagem da mulher foi o ponto alto do encontro, afirmou Lourdinha, explicando que todas as participantes se comprometeram a acompanhar o que é veiculado para cobrar das autoridades as mudanças necessárias.
De acordo com ela, os dados coletados pela rede devem ser apresentados pelas feministas na Conferência Nacional de Comunicação, prevista para o fim do ano, e até mesmo orientar ações quanto política de concessões na radiodifusão, por exemplo. As concessões são públicas. As rádios e TVs que não tratam a mulher de forma correta devem ser penalizadas.
A Agência Brasil procurou o Ministério da Comunicações e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) para ouvir a posição das duas instituições sobre as críticas e propostas das feministas. Ambos não haviam se pronunciado até a publicação desta matéria.