Um pedaço de madeira, tinta, indignação e criatividade. Foi o que levou dois cidadãos de Belo Horizonte (MG), a assumir o que seria dever da administração pública. À espera de resposta do departamento de trânsito da cidade há três anos, dois moradores da esquina das ruas Campos Altos e Encantado colocaram a mão na massa para melhorar a sinalização, em busca da redução do risco de acidentes automobilísticos. A iniciativa se transformou em uma placa de ;Pare; improvisada no cruzamento. Desde meados de 2007, depois de um acidente, a placa no cruzamento foi arrancada e, até então, nada tinha sido feito para recompor a indicação.
Na esquina, os motoristas têm a permissão para seguir em todas as direções e a degradação da sinalização preocupa quem vive na vizinhança. Segundo o empresário Rodolfo Malard, de 58 anos, que teve a ideia de fazer a placa, a imprudência de condutores é constante e a sinalização deficiente aumenta o risco de colisões. ;Reclamamos nos últimos dois anos e meio, mas a resposta é que o nosso pedido de colocação da placa consta no sistema. Como a prefeitura não tomou providência, resolvemos agir;, afirma.
Os relatos de acidentes estão guardados na memória. No período sem sinalização, os moradores se recordam de pelo menos duas graves ocorrências, sem contar as pequenas colisões. O modelador Geraldo Rosário Filho, de 57, construiu a placa de madeira em sua oficina e, desde a instalação, percebeu que diminuíram as freadas bruscas que o levavam a interromper o trabalho frequentemente.
Na falta da placa, a sinalização horizontal também não ajuda. Uma das maiores preocupações é com o trajeto de um dos ônibus que passa na região onde eles moram - o bairro Caiçara - a linha 4107. Subindo a Rua Encantado, eles precisam virar à direita e seguir para Rua Campos Altos, o que muitas vezes é feito com risco de acidentes. A última ocorrência foi quinta-feira, quando um carro desgovernado bateu em uma Kombi estacionada. ;Certa vez, o coletivo fez a conversão e ia bater de frente com um automóvel, que desviou em direção ao meio-fio. Na hora exata, eu seguia para casa e, por muito pouco, não fui atropelado no passeio;, conta Malard.
Na tarde de segunda-feira, técnicos da companhia de trânsito da capital mineira fizeram vistoria e o problema foi constatado. A empresa que gerencia o trânsito se prontificou a adequar a sinalização, mas não marcou data para a providência. Quanto ao registro de reclamação, a informação é de que não foi encontrada notificação. Uma das opções apontadas para casos semelhantes é procurar a Comissão Regional de Trânsito e Transportes da prefeitura para comunicar o problema.