Cerca de 200 mulheres de acampamentos e assentamentos do Pontal do Paranapanema, no oeste do estado de São Paulo, protestaram nesta segunda-feira (9/03) contra a morosidade da reforma agrária na região ocupando a frente do escritório regional do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) em Presidente Prudente. A ação foi liderada por Diolinda Alves de Souza, mulher do líder dissidente do Movimento dos Sem Terra (MST), José Rainha Júnior. Desde que o MST deixou de reconhecer as ações do antigo líder, Diolinda estava afastada da mobilização dos sem-terra. Durante o carnaval o próprio Rainha comandou a invasão de 21 fazendas na região.
As manifestantes chegaram em caravana, empunhando bandeiras, faixas e cartazes e se postaram na frente do prédio. O escritório não foi invadido, mas a movimentação prejudicou o expediente. Um grupo de mulheres entregou um manifesto ao diretor regional, Túlio Vanali. O documento, assinado também por representantes do Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast), Unidos na Luta pela Terra (Uniterra), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST) e de sindicatos rurais ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), pedia a transferência do comando a reforma agrária para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
"O Itesp deve continuar dando assistência técnica aos assentamentos, mas a arrecadação de terras deve ser feita pelo Incra, pois é de lá que sai o dinheiro", disse Diolinda. O grupo pediu também a retirada do projeto de lei do governador José Serra que propõe a regularização das áreas com mais de 500 hectares tidas como devolutas no Pontal. O projeto aguarda votação na Assembleia Legislativa do Estado. O documento fazia menção ao Dia Internacional da Mulher, celebrado ontem.
De acordo com Diolinda, as mulheres estão dispostas a "também ocupar fazendas" na região. O protesto, iniciado às 8 horas, foi encerrado no início da tarde. A Polícia Militar apenas acompanhou a mobilização. Em nota, a diretoria do Itesp disse que manifestação era patrocinada por José Rainha com "pauta requentada e equivocada". Segundo a nota, o Itesp cumpre seu papel na reforma agrária definido pela Constituição Federal, "mesmo que isso possa desagradar aos profissionais do conflito"
Paraná
Aproximadamente 1,2 mil mulheres do MST participaram hoje de manifestações em Porecatu, a cerca de 460 quilômetros de Curitiba, no norte do Paraná. Elas se uniram a outras manifestações da Jornada Nacional de Mulheres da Via Campesina realizadas pelo País. De acordo com a Polícia Militar, o manifesto foi pacífico, sem qualquer registro de anormalidade
As mulheres ficaram reunidas durante o fim de semana no centro comunitário da prefeitura, onde foi realizado o seminário Mulheres Camponesas em Luta contra o Agronegócio. Hoje pela manhã, elas deixaram o local e foram em marcha até a praça central. "Nossa luta é pela reforma agrária e soberania alimentar e contra o agronegócio e a monocultura, que destroem o meio ambiente e a vida", afirmou uma das coordenadoras do movimento, Isabel Grein
Na tarde de hoje, elas foram até a Fazenda Variante, pertencente à Usina Central do Paraná, que está invadida desde novembro do ano passado por 300 famílias. Ali foram entregues sementes de vários produtos e mudas de plantas medicinais. Nas manifestações as mulheres pediram o assentamento de cerca de 6 mil famílias que estão acampadas pelo Estado, além da desapropriação da fazenda em Porecatu