As pesquisas sobre a produção de células-tronco pluripotentes sem o uso de embriões continua a avançar em ritmo acelerado. Mal os cientistas brasileiros anunciaram a obtenção das primeiras linhagens nacionais de células-tronco de pluripotência induzida (iPS), em janeiro, pesquisadores na Escócia e no Canadá anunciaram neste domingo que já produziram as mesmas células sem o uso de vetores virais - um dos grandes fatores complicadores da técnica, caso um dia ela venha a ser usada como terapia em seres humanos.
As células iPS são células do organismo adulto que foram reprogramadas geneticamente para se comportar como células pluripotentes, idênticas às células-tronco embrionárias, com a capacidade para se transformar em todo tipo de tecido. Com isso, evita-se o uso de embriões humanos, grande gargalo ético das pesquisas nessa área. O problema é que, para produzir as iPS, os cientistas utilizam vetores virais que inserem os genes de reprogramação no DNA da célula de maneira totalmente aleatória. Isso cria o risco de que o local de inserção interfira com o funcionamento normal da célula.
Além disso, como a inserção é permanente, há o risco de que os genes voltem a ser expressos mais tarde, mesmo depois de a célula já ter sido reprogramada. Dois trabalhos publicados agora na revista Nature - um com células de camundongo e outro com células humanas - apresentam uma solução. Cientistas do Centro de Medicina Regenerativa MRC, em Edimburgo, e do Hospital Monte Sinai, em Toronto, desenvolveram uma técnica que permite inserir um pacote de quatro genes reprogramadores na célula e depois removê-lo, sem utilizar vírus nem alterar o genoma da célula.