Jornal Correio Braziliense

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Passados 16 dias, mulher e filho do engenheiro desaparecido na Ilha Grande esperam vê-lo com vida

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Hoje faz 16 dias que o engenheiro eletrônico Luiz Guilherme Mascarenhas Freire, 54 anos, morador de Brasília, foi visto pela última vez. Ele desapareceu em 12 de fevereiro, por volta do meio-dia, quando fazia uma trilha no Parque Estadual da Ilha Grande (RJ), próximo a Angra dos Reis. A esposa de Luiz, a historiadora Dilene Galvão, 51 anos, e o filho Tiago Mascarenhas, 20 anos, ainda têm esperanças de que o funcionário da agência central dos Correios esteja vivo. ;O caso da menina (Ana Clara Abranches) que ficou perdida por quatro dias num trecho da Floresta Amazônica em Rondônia e de outras pessoas que desapareceram por até 48 dias em matas nos fazem acreditar que ainda é possível encontrá-lo com vida;, diz Dilene. Ao contrário da família, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Civil da Ilha Grande afirmam que as chances de um desfecho positivo são pequenas. ;O agravante é que, no dia em que o engenheiro se perdeu na mata, caiu uma forte chuva e ventava muito na ilha, condições climáticas que provocaram a queda de algumas árvores;, lembra o inspetor Edson Zanata, que coordena as investigações do desaparecimento de Luiz Guilherme. ;Seis homens ainda buscam pistas dele, mas achamos pouco provável que esteja com vida;, afirma o tenente do Corpo de Bombeiros da Ilha Grande Leonardo Reis. A historiadora quer um desfecho para o desaparecimento do marido. ;São 16 dias de agonia para toda a família. Enquanto não houver pistas, não descansarei. Quando o telefone toca, a gente para tudo o que está fazendo e corre para saber se é alguma notícia do Luiz;, conta. Ontem, Dilene recebeu de João Gabriel, filho do primeiro casamento do marido, a carteira com todos os documentos e alguns pertences que o engenheiro havia levado na viagem. Antes de embarcar de avião para o Rio de Janeiro, no último dia 7, Luiz ouviu de Dilene o pedido para que não viajasse. ;Eu disse: ;Luiz, fica com a gente, não vai não;. Aí ele respondeu que havia trabalhado o ano inteiro e que precisava descansar e rever os filhos;, lembra. Ela também diz que Luiz se perdia muito, mas também se achava sempre. ;Há quase 20 anos, durante uma viagem à Bahia, depois de abastecer o carro, ele se atrapalhou e fez o caminho de volta a Brasília, achando que estava indo à Bahia;, observa, afirmando que sempre pedia para o marido não ir para lugares estranhos. ;Mas ele era teimoso e não ouvia ninguém.; Buscas Morador de Brasília há 27 anos, Luiz saiu de Vila do Abraão com destino a Dois Rios acompanhado de João Gabriel e de duas tias do filho. Depois de concluírem o percurso, o engenheiro sugeriu estender o passeio até a Praia do Caxadaço. Cansado, João recusou o convite, mas Luiz decidiu percorrer a trilha sozinho. O combinado era que os dois se encontrassem em Abraão, onde o grupo estava hospedado, mas o engenheiro não apareceu. As buscas foram iniciadas no mesmo dia, por volta das 23h. Na primeira semana depois do desaparecimento, dois helicópteros ; um do Corpo de Bombeiros e um do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ; sobrevoaram cerca de 19 mil hectares da Ilha Grande. Também colaboraram com as buscas botes e embarcações de passeio. ;Além disso, informamos todos os veículos marítimos para nos avisarem sobre qualquer pista do engenheiro;, ressalta o tenente Reis.