Um cabo da Polícia Militar (PM) do Rio é investigado como suspeito de ter alterado a cena do crime após uma equipe da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae) da Polícia Civil ter metralhado e matado todos os ocupantes de um carro onde estavam três assaltantes com dois reféns no dia 23. Em depoimento à polícia, o PM afirmou que não tinha a intenção de alterar a cena, mas impedir que as armas dos criminosos fossem levadas pela correnteza do valão, onde o automóvel caiu após a perseguição policial e onde as vítimas foram mortas.
Policiais do 4º Batalhão da Polícia Militar de São Cristóvão não quiseram dar declarações, mas confirmaram que o cabo Márcio Silva Faria é lotado na unidade. Faria aparece na filmagem feita por um morador entrando no valão e procurando algo entre os corpos. Ao encontrar uma pistola calibre 9 milímetros, ele exibe aos policiais, bombeiros e populares que estavam próximos. A assessoria informou que prestaram depoimento à Drae dois policiais envolvidos na ocorrência e o cabo da PM. O caso também é investigado pela Corregedoria da Polícia Civil, que abriu sindicância para apurar as mortes. Além dos criminosos, na ocasião, morreram o soldado do Exército Rafael de Oliveira Santos, de 21 anos, e Paulo Marcos da Silva Leão, de 26. Santos e Leão foram baleados duas vezes. Santos recebeu dois tiros no peito e Leão, um disparo no braço e outro no peito.
As três armas apreendidas com os criminosos foram encaminhadas para a perícia. O objetivo é saber se os assaltantes reagiram ou foram executados, conforme relataram alguns vizinhos. O prazo para a conclusão dos laudos é de até 30 dias. Esta foi a segunda ação polêmica envolvendo agentes de equipes especializadas da Polícia Civil em menos de 30 dias. No dia 19, uma equipe da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), em suposta perseguição a criminosos, entrou na Favela Parque União, no Complexo da Maré, e trocou tiros com criminosos. O tiroteio resultou na morte de quatro pessoas sem antecedentes criminais, entre elas, uma menina de 14 anos.