Jornal Correio Braziliense

Brasil

Indígenas são impedidos de entrar no prédio do STF para acompanhar julgamento

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Prefeitos e vereadores de várias etnias indígenas foram impedidos nesta quarta-feira de entrar no plenário do STF (Supremo Tribunal Federal), que julga a demarcação de terras na reserva indígena de Raposa/Serra do Sol (RR). Os indígenas foram impedidos de entrar no local porque não estavam de terno e gravata, como determina o protocolo da Corte. Indignados, os prefeitos e vereadores apelaram à Funai (Fundação Nacional do Índio) para que pudessem acompanhar de perto o julgamento. Porém, a fundação foi informada pelo cerimonial do STF que havia apenas 16 lugares destinados aos indígenas que estivessem utilizando seus trajes e pinturas típicos. "Isso não poderia ocorrer. Nós viemos aqui para acompanhar o julgamento e agora somos impedidos de entrar porque não estamos com gravata", disse o prefeito de São João das Missões (MG), José Nunes (PT), da etnia xacriabá. Já o presidente da organização não-governamental Instituto Americano Cultural do Brasil, Davi Terena, que usava terno e gravata, afirmou que não entraria no plenário, embora estivesse autorizado, por solidariedade aos "irmãos indígenas". "Agora vou aguardar uma decisão em solidariedade", disse. O julgamento da ação que definirá se as terras devem ser demarcadas de forma contínua ou ilhas é um dos mais concorridos que já foram realizados no STF. Vários parlamentares acompanham a sessão, como Marina Silva (PT-AC) e João Pedro (PT-AM), além de autoridades federais. Indígenas, de várias etnias, acompanham do lado de fora o julgamento. Muitos deles posam para fotografias com os curiosos que passam pelo local.