Uma nova configuração meteorológica traz certo alívio para Santa Catarina. Embora ainda haja previsão de chuva, o tempo deve ficar estável nos próximos 15 dias. A estimativa é do meteorologista Marcelo Martins, do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia (Ciram)catarinense. De acordo com ele, uma frente fria no sul do país ajudou a dissipar o sistema de alta pressão que estava estacionado no mar, provocando as precipitações em parte do estado. Mesmo assim, o órgão manteve o alerta para as regiões com risco de deslizamentos. ;Haverá pancadas de chuvas e trovoadas, mas aquela chuva de verão, que ocorre entre o final da tarde e a noite. No entanto, a situação ainda é de cautela;, afirma Martins.
O outro desafio, de agora em diante, será a reconstrução do estado, onde há partes de cidades ainda sem energia elétrica, estradas destruídas, barragens rompidas. O número de mortos subiu de 114 para 116. A quantidade de pessoas desaparecidas também, de 19 para 31. A mulher de 66 anos e a criança de 11 que morreram no domingo soterrados no município de Luiz Alves foram enterrados na segunda-feira. Um dos irmãos do garoto, de 7 anos, continua desaparecido. Os dois integrantes da Força Nacional de Segurança Pública atingidos no mesmo desmoronamento durante a operação de resgate não correm risco de morte.
Só na segunda-feira, no primeiro dia de funcionamento, o Hospital de Campanha da Força Aérea Brasileira (HCamp) fez 85 atendimentos. A maioria deles realizada na área de clínica médica. A estimativa da secretária de Saúde catarinense, Carmen Zanotto, é de que o HCamp possa reduzir em até 60% os casos clínicos que acabam sobrecarregando as unidades de saúde municipais. São pacientes sentindo dores no corpo, febre e diarréia. A preocupação, no momento, é evitar que epidemias, como as de leptospirose, toxoplasmose e hepatite, se espalhem rapidamente pela população. Tais doenças são comuns depois de enchentes.
Ainda há mais de 78 mil desalojados e desabrigados no estado. Muitas famílias teimam em retornar para suas casas, mesmo com o perigo de novos acidentes. A Polícia Civil de Santa Catarina chegou ao extremo de ter que deter, na tarde de segunda-feira, um morador da localidade de Baixo Máximo, na cidade de Luiz Alves. Ele se recusava a deixar a própria casa, que corria risco de desabamento. Segundo os agentes, Adelino Baffman ameaçou as equipes da Defesa Civil que estavam no local para auxiliar a retirada das pessoas. A Polícia Civil informou que continuará fazendo as rondas e retirando quem insistir em ficar nos locais críticos.
Estrutura
A estrutura montada para socorrer as vítimas do maior desastre natural do país e evitar novas mortes no local impressiona. Um total de 11.987 profissionais e 2.449 equipamentos, entre helicópteros, aviões, máquinas e caminhões, compõem o contingente humanitário e logístico nas ações em Santa Catarina. A força-tarefa conta com a maior parte de voluntários ; cerca de 4 mil ;, que atuam nos abrigos e principalmente na triagem das doações. As contribuições em dinheiro para o estado ultrapassaram a marca de R$ 5,5 milhões. Caminhões com alimentos e roupas não param de chegar ao estado. Emissoras de TV, empresas, colégios e igrejas se engajaram na campanha.
O desastre em números
116 mortos
31 desaparecidos
27,4 mil desabrigados
51,3 mil desalojados
13 cidades em calamidade pública