Ouro Preto - Um dos monumentos importantes de Ouro Preto e símbolo da Inconfidência Mineira ganha mais visibilidade e o merecido valor na paisagem barroca. Até o fim do ano, será reinaugurada, na Praça Cezário Alvim, ou Praça da Estação, no Centro Histórico, a Coluna Saldanha Marinho, erguida em 1867 para homenagear Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), o Tiradentes, e os demais integrantes do movimento que tentou separar o Brasil de Portugal. Construída em pedra de cantaria, com seis metros de altura, e batizada com o nome do então presidente da província de Minas Gerais, a coluna tem trajetória peculiar, que alterna transferências de local com o sumiço que intrigou, durante décadas, moradores e estudiosos. Só em Belo Horizonte, ela ficou jogada num depósito por quase quatro décadas.
Ainda coberta, em parte, por tapumes, a Coluna Saldanha Marinho integra o projeto de revitalização da Praça da Estação, empreendido pela prefeitura. ;É um resgate histórico. Agora, no centro de uma rotatória, poderá ser vista por todo mundo, ainda mais pelos visitantes que fizerem o passeio na maria-fumaça;, diz o secretário municipal de Patrimônio e Desenvolvimento Urbano, Gabriel Gobbi. Antes de ser transferido, na semana passada, o monumento estava na Praça Amadeu Barbosa, na Barra, fora do circuito turístico da cidade, que é patrimônio cultural da humanidade, título concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
De acordo com pesquisas da Secretaria de Patrimônio, a coluna, erguida com recursos da população de Ouro Preto, foi o primeiro monumento em homenagem aos inconfidentes. Ficava dentro de um jardim na Praça da Independência, nome anterior da Tiradentes. Em 1891, por determinação do Congresso Constituinte, que votou a primeira carta constitucional republicana de Minas, construiu-se um de maior porte: a estátua do mártir da Inconfidência, de autoria do italiano Vittório Cestari. Durante três anos, as duas coexistiram em harmonia, até chegar a festa de inauguração da estátua definitiva, em 21 de abril de 1894.
Idas e vindas
Na década de 1930, restos da coluna foram levados para os jardins da Casa de Gonzaga, na Rua Cláudio Manoel, por iniciativa do presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Ouro Preto, Vicente de Andrade Racioppi ; ele havia reunido um pequeno acervo de arte e história na residência, onde eram feitos os encontros da entidade. Doze anos depois, nas comemorações do sesquicentenário da morte de Tiradentes, Racioppi enviou, para Belo Horizonte, a coluna remanescente, para ser instalada na Praça 21 de abril, hoje Praça Tiradentes, entre as avenidas Afonso Pena e Brasil, na Região Centro-Sul.
Nada aconteceu. Em 1981, nas administrações do prefeito Alberto Caram, de Ouro Preto, e Maurício Campos, de BH, a peça foi encontrada, acompanhada do processo administrativo, num armazém da prefeitura na Avenida dos Andradas, no Centro. Com a descoberta, a Secretaria Municipal de Turismo entrou em contato com a Prefeitura de Ouro Preto, a qual identificou o monumento, solicitou a devolução e providenciou o retorno, via caminhão. O local escolhido, na época, foi a Praça Amadeu Barbosa, que acabara de ser reformada ; a data de inauguração foi 21 de abril de 1981.