A maior cidade do Norte de Minas Gerais, Montes Claros, será a sede do futuro Centro Integrado de Convivência com a Seca, um projeto tocado em parceria pelo governo do estado e pela Fundação de Desenvolvimento Tecnológico do município (Fundetec).
A idéia é construir um pólo de referência para estudos de tecnologias voltadas ao convívio sustentável com o clima semi-árido.
A obra será erguida em um terreno de 5 mil metros quadrados no parque tecnológico do Distrito Industrial de Montes Claros. Os primeiros recursos para a implementação do Centro foram incluídos no pacote de combate permanente à seca na região anunciado nesta quinta-feira (13/11) pelo governador em exercício Antonio Anastasia. Entre outras medidas, o pacote prevê a liberação imediata de R$ 1,4 milhão para a elaboração do plano diretor e do projeto executivo do centro, até março de 2009. A estimativa é que a obra completa seja entregue em 2010.
;Vai ser um prédio de cinco andares para atender esta estratégia nova do governo de tratar tecnicamente o problema das longas estiagens, que é crônico na região. Se as obras começarem em março do ano que vem, programamos mais um ano de prazo para o centro estar funcionando;, informou o presidente da Fundetec, Alexandre Pires.
Em entrevista à Agência Brasil, a titular da Secretaria Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e do Norte de Minas (Sedvan), Elbe Brandão, que também coordena o Comitê Gestor da Convivência com a Seca, ressaltou a forma como o futuro centro de excelência poderá beneficiar os sertanejos mais vitimados pela estiagem anual. O centro será composto de seis núcleos com enfoque em difusão de tecnologias, capacitação de recursos humanos, gestão de projetos e operacionalização de rede social.
;Absolutamente este centro terá como olhar a inclusão econômica. Se nós trouxermos tecnologia e fizermos desse centro um ponto de difusão e popularização [das tecnologias], vamos fazer chegar ao homem do campo a planta adequada para a produção, se é biodiesel ou algodão, capacitar os filhos dele com formação técnica, diagnosticar com precisão aonde este produtor vive e quais as suas necessidades;, explicou Elbe.
Nos últimos dois anos a estiagem prolongada no Norte de Minas ; com 15 meses sem chuva de um total de 23 - provocou a perda de pelo menos 190 mil cabeças de gado, a retração de lavouras e levou diversos municípios a decretarem situação de emergência. O impacto da seca é agravado pelo fato dos municípios da área terem os menores Índices de Desenvolvimento Humano do estado.
Segundo a secretária, a estiagem, ;não pegou de surpresa; o governo mineiro. ;O caminhão-pipa não parou e desde janeiro vem acontecendo enquanto ação continuada. Hoje nós avançamos numa parceria com o Ministério Público para que nos ajude a construir critérios e ver o grande cenário da convivência com a seca também nas multas que ele arrecada;, argumentou Elbe, em alusão à assinatura de um termo de cooperação entre Sedvan e o Ministério Público.
A parceria prevê a priorização do atendimento à população rural e ações de desenvolvimento sustentável nas áreas atingidas pela seca implementadas com recursos provenientes de multas cobradas pelo MP.