Jornal Correio Braziliense

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CPT denuncia fraude em documentos de fazendeiro acusado pela morte de missionária

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Representantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e religiosas da Congregação Notredame, que atuam no município de Anapu, onde foi assassinada a missionária americana Dorothy Stang, apresentaram nesta quinta-feira (13/11), em Belém (PA),novos documentos sobre o caso. Segundo eles, os registros podem comprovar que o fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão - acusado de ser um dos mandantes do crime - teria utilizado "laranjas" e fraudado documentação de posse do lote onde funciona o Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança - criado pela missionária. De acordo com o agente pastoral da CPT Ronaldo Pantoja, Regivaldo tem fraudado comprovantes de compra e venda desse lote desde 2000. Queremos que a Polícia Federal e o Ministério Público investiguem esses documentos. Desde 2000, eles vêm fraudando documentos para fugir da Justiça, afirmou Pantoja. Uma hora ele diz que é dono, em outro momento ele nega ser dono, completou o agente referindo-se ao fato de que Regivaldo alegou Justiça que não tinha relação com o lote, por isso, não teria interesse na morte da missionária. Já no último dia 28, em reunião realizada entre representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e agricultores, Regivaldo disse, segundo ata do encontro, que é dono do lote e possui documentos que comprovam a titularidade. Nesta quinta-feira, as religiosas apresentaram novos documentos, descobertos durante a investigação policial, que contradizem as alegações do fazendeiro. Até o momento, o único documento de conhecimento público era de abril de 2004 no qual o fazendeiro Regivaldo repassava os 3 mil hectares por R$ 1,6 milhão para Viltamiro Bastos de Moura, o Bida - também acusado de ser mandante do assassinato da missionária. Dois novos contratos, entretanto, apresentam um novo cenário com relação posse do local. Em outubro de 2002, de acordo com os documentos, a área havia sido comprada por Valdivino Felipe Andrade Filho, funcionário do fazendeiro Regivaldo. Os cheques utilizados para o pagamento do terreno, entretanto, eram do fazendeiro. Outro documento, datado de 28 de abril de 2004, aponta que Bida comprou metade da área - que estava em nome de Valdivino - por R$ 633 mil. O surgimento desse contrato mostra que Bida teria comprado o mesmo local duas vezes em um período de menos de um mês. Com os documentos, as religiosas e a CPT querem reacender novamente a tese de que foi formado um consórcio, liderado por Regivaldo e Bida, para assassinar Dorothy. Apesar de todos os documentos constarem nos autos do processo, eles não foram analisados com o devido cuidado e atenção. Então queremos que as autoridades voltem a investigar, disse a religiosa Julia Depwe, que veio para o Brasil há 30 anos com Dorothy Stang.