O procurador da República no Pará, Felício Pontes, disse nesta quarta-feira (12/11) que tentará reabrir o processo que investiga a morte da missionária americana Dorothy Stang e levar a julgamento o fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como Taradão, um dos acusados de ser o mandante do crime.
O motivo é a ata de uma reunião realizada há duas semanas pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Altamira (PA). No documento, assinado pelo chefe da Unidade Avançada do Incra no município, Ulai Batista Nogueira, Taradão teria afirmado ser dono dos três mil hectares do lote 55 do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança, no município de Anapu, sudeste do estado, onde Dorothy foi assassinada, em 2005.
Pontes acredita que o documento do Incra é uma prova de que Taradão ;mentiu; no processo sobre a morte da missionária americana. O fazendeiro, que chegou a ser preso, mas não foi a julgamento, sempre negou ser dono da área. À Polícia Federal e à Justiça, Regivaldo disse que vendeu, em 2004, o lote 55 a Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida e, por isso, não teria interesse na morte da religiosa.
;A pretensão dele no Incra mostra uma coisa que desconfiávamos há muito tempo, ou seja, Bida não é fazendeiro, mas o intermediário, o laranja do Taradão;, afirmou Pontes à Agência Brasil. Após ser condenado a 30 anos de prisão pela acusação de ser um dos mandantes da morte de Dorothy, Bida foi absolvido no segundo julgamento.
;Foi um erro de cálculo dele [Regivaldo]. Ele achou que com a absolvição do Bida o caso estaria consumado;, argumentou o procurador. ;Com essa incursão no Incra, isso [que ele mentiu] fica claro;, completou.
Além de reacender o caso Dorothy Stang, o procurador disse que aguarda que Taradão apresente a documentação que comprova que ele é o verdadeiro dono do lote 55. ;Os documentos podem ser um indício de mais um crime: o de fraude, que comprovaria a grilagem;, afirmou.
Na ata do último dia 28, consta que Taradão teria proposto ao Incra ceder uma área de 500 hectares do lote 55 para agricultores que já residem na região. Disse ainda, de acordo com o documento, que teria como comprovar a titularidade da área onde teria construído benfeitorias.