O dia 20 será feriado na capital paulista e também em outras nove cidades da região metropolitana. Quem trabalha na cidade de São Paulo, no entanto, não vai poder esticar o descanso. Sexta-feira (21/11) é dia de expediente normal. Em Campinas, interior do Estado, o feriado pode ser prolongado porque o dia 21 é ponto facultativo. A mesma regra vale para Santo André e Mauá, no ABC paulista. No Estado, 90 cidades vão comemorar com um feriado o Dia da Consciência Negra. O número é 164% maior do que no ano anterior, quando 34 prefeituras, entre as 645, reconheciam a data.
A quinta marcha da Consciência Negra, com o tema "120 Anos da Abolição Inacabada", será realizada na avenida Paulista. Quatro trios elétricos percorrerão o trajeto pela rua da Consolação até o vale do Anhangabaú. A concentração será às 11 horas, no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), e a saída está prevista para 12 horas.
"Zumbi é um herói construído nas ruas, por isso é importante fazer uma manifestação pública", afirma Hédio Silva Júnior que, em 2005, foi o primeiro secretário de Justiça negro do Estado. Em um palco montado na praça da Sé, ocorrerão apresentações de variados estilos de música negra, com a presença de Seu Jorge e Paula Lima, a partir das 20h30.
No interior paulista, 17 municípios também terão programações próprias em homenagem à data. Santos, pela primeira vez, terá feriado da Consciência Negra. Durante a próxima semana, diversos eventos homenageiam a comunidade, como exposições e workshops. Haverá uma caminhada com saída da igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, às 9 horas, e a apresentação da Escola de Samba X-9, na praça Mauá, ao meio-dia, ambos no dia 19. No dia 20, o busto de Zumbi, na praça Palmares, receberá flores às 11h30.
No Brasil, saltou de 225 para 303 o número de municípios que oficializaram a morte de Zumbi dos Palmares como feriado. Das 27 capitais apenas São Paulo, Rio, Manaus, Cuiabá e Maceió instituíram feriado. No nordeste, onde a maioria da população é negra ou parda, seis cidades fazem recesso.
Embora a Bahia seja proporcionalmente o Estado com mais negros, há somente um município que reconhece o dia. Em Salvador, Zumbi é lembrado com programações especiais, mas os baianos trabalham. "Para que as cidades comemorem o dia, é necessário ter movimentos negros fortes", afirma a vice-presidente da Sociedade Afro-brasileira de Desenvolvimento Sociocultural (AfroBras), Ruth Lopes.
Uma das cidades pioneiras foi Itu, no interior paulista, que, em 1998, aprovou o Dia da Consciência Negra. Para Ruth, o feriado é uma conquista, apesar de não ser nacional. "O processo é lento, mas está caminhando." Ela ainda alerta que as pessoas desconhecem quem foi o líder negro. Por isso, seriam necessários educação, informação e sensibilização da sociedade. Entretanto, ela vê que com o ensino de cultura e história africanas isso pode mudar.