Os museus do país precisam passar por transformações estruturais para que pessoas com deficiências visuais ou auditivas aproveitem o que essas instituições podem oferecer. A avaliação é de Viviane Sarraf, coordenadora do Centro de Memória da Fundação Dorina Nowill para Cegos, uma das entidades organizadoras do primeiro Encontro Regional de Acessibilidade em Museus, aberto nesta quarta-feira (4/11) na capital paulista.
;Nossa cultura é sensorial. Podemos nos lembrar de momentos do passado, da história por meio de gostos, cheiros, do nosso tato. A pessoa com deficiência auditiva pode acessar o museu por meio de sua língua primeira que é a língua brasileira de sinais;, defendeu a coordenadora.
O encontro, promovido pela entidade de Viviane e pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), reúne até amanhã (5) profissionais que trabalham em museus e em instituições de atendimento à pessoas com deficiência, estudantes, professores e pesquisadores de áreas ligadas à acessibilidade e à museologia.
Além de discutir a acessibilidade em museus e centros culturais, o objetivo do evento é apresentar e avaliar projetos de inclusão desenvolvidos por instituições brasileiras.;É uma oportunidade de troca de experiências e um espaço para que representantes de políticas públicas possam dizer o que tem sido feito para promover o acesso aos museus;, explicou Viviane.
De acordo com ela, já existem trabalhos voltados a deficientes auditivos no MAM, na Pinacoteca do Estado de São Paulo e no Museu Emílio Goeldi, no Pará. Como instituições que já promovem o acesso a deficientes visuais, ela apontou, além do Centro de Memória Dorina Nowill, o Museu da Bíblia de Barueri (SP), o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo que tem uma série de adaptações de obras de arte para o tato.
A coordenadora ressaltou que a questão da acessibilidade tem ganhado destaque há cerca de dois anos e que há poucos especialistas na área.
Ela acredita que para promover a acessibilidade aos museus é preciso que órgãos governamentais, tanto ligados à pessoa com deficiência, quanto à cultura, se unam e promovam discussões, leis e normas que incentivem os museus a realizarem esses projetos. ;E ainda que seja feita uma regulamentação, que esses órgãos possam dar apoio efetivo e não só financeiro, mas estrutural e de formação para que os profissionais dos museus realmente estejam capacitados para promover as alterações necessárias;.
Para Viviane, a acessibilidade nos museus é uma questão relevante porque essas entidades são organismos essenciais ao desenvolvimento social e humano. ;Dentro esses espaços é que está representada toda a arte da humanidade, as ciências, a história, a antropologia. Toda pessoa tem direito de acessar os museus e se beneficiar de todo esse conhecimento ali salvaguardado. As pessoas com deficiência também;, argumentou..
Segundo ela, vivemos um momento no qual as pessoas com deficiência conquistaram poder político em função da sua luta e representatividade. ;Então além deles quererem usufruir de todos os bens sociais, eles também querem usufruir dos museus para poderem se servir desse conhecimento e aproveitar esse desenvolvimento social e humano;.