Relato da Polícia Civil de Alagoas mostra que o ex-cabo da Polícia Militar Everaldo Pereira dos Santos, pai da garota Eloá, morta após ser mantida refém por mais de 100 horas pelo ex-namorado em Santo André, no ABC paulista, tem quatro homicídios em sua ficha corrida. Santos está foragido. Ele é acusado pela polícia de Alagoas de participar do assassinato do delegado Ricardo Lessa, irmão do ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), em 1991. Também chama a atenção a descrição sobre sua atuação em grupo de extermínio.
A ficha de Santos inclui envolvimento com a "Gangue Fardada", que agia no interior alagoano, principalmente na região de Campestre e Jundiá e na divisa de Alagoas com Pernambuco. O pai de Eloá, que em São Paulo usava o nome de Aldo José da Silva, foi excluído da PM em 20 de julho de 1993, por deserção. Nessa época, ele teria fugido de Maceió depois que sua prisão havia sido decretada.
Defesa - Toda a repercussão midiática do caso Eloá, na avaliação da família da adolescente, pode ajudar na defesa do seu pai. "Agora eles podem se defender sem medo. Com toda a imprensa em cima, fica mais difícil que alguém queira simplesmente 'apagar o arquivo'. Foi o que a Ana Cristina (mãe de Eloá e mulher de Everaldo), mesmo muito arrasada, concluiu", disse a agente comunitária Simone Duarte, de 33 anos. Durante o seqüestro, foi Simone quem abrigou a família de Eloá.
A Polícia Civil de Alagoas considera Santos um arquivo vivo e teme por sua vida. Segundo Simone, nas poucas palavras que trocaram sobre o assunto, Ana Cristina se mostrou "arrasada, sem chão". "Ela deixou bem claro que ele é inocente, mas agora está com medo de ser ameaçada." Temendo ser descoberto, Santos não foi ao enterro da filha.