O Primeiro Comando da Capital (PCC) encontrou outra maneira para matar seus desafetos e dificultar a identificação das vítimas: carbonizar os corpos em porta-malas ou no banco de trás de veículos roubados e furtados - semelhante à prática do 'microondas', queima com ajuda de pneus, nos morros cariocas. A Polícia Civil investiga a participação da facção em pelo menos sete dos nove assassinatos desse tipo nos últimos 24 dias na capital e na Grande São Paulo. Em três anos, já são 101 casos.
Peritos do Instituto Médico-Legal (IML) constataram, nos últimos três anos, crescimento na quantidade de corpos carbonizados. Uma contagem feita pelo Núcleo de Antropologia Forense do IML Central - que atende à maior parte dos postos do instituto na capital - mostra que o pico ocorreu em 2006, quando foram registrados 43 casos. No ano seguinte, deram entrada no instituto 31 cadáveres nessas condições. Neste ano, até ontem, já foram 27.
Embora essa contabilidade também contemple os mortos em incêndios, peritos ouvidos pela reportagem dizem que a maior parte dos corpos carbonizados analisados nesse período apresentava sinais de execução. Em alguns casos, as vítimas tiveram as mãos e os pés amarrados. "O fato de os corpos estarem queimados dificulta o nosso trabalho, mas, até agora não deixamos de identificar ninguém", disse um legista.
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) suspeita que dos nove corpos carbonizados encontrados a partir de 12 de setembro deste ano, sete vítimas foram executadas a mando do PCC, ou mesmo por integrantes da facção, sendo cinco na zona leste e duas na zona norte. O outro crime aconteceu na zona sul, no fim de semana passada, e o último anteontem à noite, em São Bernardo do Campo, no ABCD.