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Ações de combate à dengue são postas em prática antes do verão

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No calendário da luta contra a dengue, outubro e novembro são dois meses fundamentais. É nesse período que os governos estaduais, municipais e federal precisam iniciar ações de prevenção à doença, que costuma apresentar maiores índices no verão, quando a combinação de água parada com calor propicia a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Ações nesse sentido já ocorrem nos estados. No Rio de Janeiro, por exemplo, novos auxiliares de controle de endemias estão em treinamento para atuar principalmente na capital, que este ano enfrentou uma grande epidemia da doença. O governo de Mato Grosso do Sul, por sua vez, divulgou a meta de reduzir a menos de 1% os focos de criadores do mosquito. Já o Paraná conta com 27 veículos de fumacê prontos para entrar em ação. É a partir de amanhã, no entanto, que um plano nacional de prevenção passa a ser concluído. Uma reunião no Ministério da Saúde com representantes dos estados e da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) discutirá estratégias e prioridades específicas de cada região do país. O encontro antecede o lançamento da campanha nacional contra a dengue, previsto para o início da próxima semana. Segundo o ministério, ainda não foi definida a quantia que será repassada aos estados para essa ação, mas pelos cálculos do presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Osmar Terra, o valor deve ficar em torno de R$ 280 milhões. ;Vamos avaliar com o ministério se esse valor atende as estratégias de contingência;, afirma. Apesar de acreditar que o Nordeste e o Rio de Janeiro devem enfrentar as situações mais críticas na próxima estação, Terra defende que a distribuição de recursos leve em conta a população e a quantidade de casas em cada região. ;O risco de dengue em São Paulo, por exemplo, é maior do que em São Luís, por causa do número de pessoas;, explica. De acordo com Terra, uma das principais preocupações das vigilâncias de saúde é com os estragos que a circulação das variações dos três tipos de vírus da dengue detectados no país podem provocar nos estados mais vulneráveis. O presidente do Conass avalia que os estados que fazem fronteira com a Venezuela (Roraima e Amazonas) devem trabalhar para evitar a entrada do tipo 4 no território nacional. Já o Rio de Janeiro é ameaçado por uma epidemia do tipo 3. O estado da Região Sudeste tem o desafio de evitar a repetição das cenas que chocaram todo o país no começo deste ano, com filas intermináveis nos hospitais (as Forças Armadas foram acionadas para ajudar no atendimento) e mortes de dezenas de pessoas, incluindo muitas crianças. Até 1; de outubro, 174 mortes por dengue foram registradas no Rio, sendo 100 na capital. Além do treinamento de agentes, a Secretaria de Estado de Saúde e a Defesa Civil já está cadastrando médicos que queiram trabalhar nos hospitais da rede estadual. Até o momento, 374 profissionais se inscreveram. DF registra novos casos A dengue continua a ser motivo de preocupação para os brasilienses. O Distrito Federal notificou 12 novas ocorrências da doença entre 19 de setembro e 3 de outubro, última sexta-feira. De acordo com o informe epidemiológico da Secretaria de Saúde do DF, houve um ligeiro aumento nos casos suspeitos, infecções e transmissões confirmadas nos últimos 15 dias. Na comparação de janeiro a setembro de 2008 com o mesmo período do ano passado, o número de notificações cresceu 64%. No entanto, a variação de casos confirmados nos primeiros nove meses apresentou queda. Passou de 649, em 2007, para 539, este ano. Apesar da alta notificação, a Subsecretaria de Vigilância à Saúde do DF considera a situação tranqüila. ;Por enquanto, damos importância aos casos em que a pessoa, de fato, adoeceu aqui;, observa a subsecretária Disney Antezana. Risco Em relação ao risco de transmissão da doença, as cidades de Sobradinho II, Planaltina, São Sebastião, Estrutural e Taguatinga são os principais alvos da vigilância. Para o combate às larvas do mosquito Aedes aegypti, a estratégia é investir em locais específicos e não necessariamente em toda uma cidade. ;São áreas menores que tiveram variação maior que 3% de ocorrências do problema;, afirma Antezana. Há duas semanas, a subsecretaria fez uma reunião com todos os administradores das cidades para traçar uma proposta de trabalho que abaixe em pelo menos 1% os índices do DF até dezembro. O objetivo é minimizar o impacto da doença no verão. Além das administrações regionais, a intenção da subsecretária é mobilizar entidades da sociedade civil. ;Vamos envolver associações de moradores e organizações de bairro;, observa. Dentro do plano nacional de contingência previsto para ser anunciado pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, no próximo dia 13, Antezana evita falar em valores, mas espera que os recursos destinados ao DF sejam o suficiente para contemplar ações de assistência médica, controle da doença e capacitação de agentes.