Jornal Correio Braziliense

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Processos de quilombos somam um sexto da área de São Paulo

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O governo federal anuncia nesta semana o reconhecimento do território quilombola Comunidade de Povoado Tabacaria, em Palmeira dos Índios, interior de Alagoas. Com 410 hectares, não é uma das maiores áreas reivindicadas pelas comunidades remanescentes dos quilombos. Mas o governo está empenhado na divulgação do fato porque quer demonstrar que está atento às reivindicações dos quilombolas. Já tramitam oficialmente no Incra 736 processos de reconhecimentos de terras remanescentes de quilombos, 4,4 milhões de hectares, o equivalente a sexta parte do Estado de São Paulo. "Os processos de reconhecimento dos territórios estão andando", assegura o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart. Além disso, trata-se de uma região histórica, nas proximidades do local do lendário Quilombo dos Palmares. Moradores do povoado chegam a se declarar descendentes dos negros que nos séculos 16 e 17 transformaram a região no grande símbolo da resistência à escravidão. No fundo, é um novo capítulo na disputa em torno da demarcação das terras de quilombos no País - determinada pela Constituição de 1988. De um lado estão as comunidades negras, reivindicando áreas que teriam pertencido a seus antepassados. De outro, entidades representativas de ruralistas, que vêem no movimento uma ameaça à propriedade privada e ao agronegócio.