O juiz Jail Benites de Azambuja, da 2ª Vara da Justiça Federal em Umuarama, no noroeste do Paraná, está preso desde sábado em Curitiba, acusado de participação em um atentado contra o juiz da 1ª Vara e diretor do fórum da cidade, Luiz Carlos Canalli, no dia 19. O inquérito corre sob sigilo de Justiça. A determinação para a prisão foi dada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre.
As autoridades responsáveis pelas investigações não comentaram os casos hoje, alegando o sigilo. Apenas foram confirmadas as prisões do juiz e de seu jardineiro, Adriano Roberto Vieira, que está na delegacia de polícia em Umuarama. Ele é acusado de porte ilegal de arma e de ter dado os tiros contra a casa de Canalli. Em depoimento, o jardineiro assumiu a autoria e disse que agiu sem conhecimento do juiz.
No início da manhã do dia 19, a casa e dois carros de Canalli foram atingidos por vários tiros. As investigações levaram à prisão, no sábado, do juiz Azambuja. Ele estava fora de casa e, quando chegou recebeu voz de prisão e foi conduzido ao Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil. Seu jardineiro, que às vezes servia como motorista da família, acabou preso em Porto Camargo, município próximo, quando pescava.
Segundo o advogado do jardineiro, Antonio Mossurunga Moraes Filho, no depoimento ele assumiu o atentado e inocentou Azambuja. "Afirmou que o juiz (Azambuja) não sabia de nada e que ele estaria bêbado quando deu os tiros." Em trecho do depoimento repassado pelo advogado, o rapaz disse que o juiz teria comentado que "se alguém atirasse contra a casa do dr. Canalis, o foco das atenções sobre ele (Azambuja) seriam desviados (diminuiria) e por isso ele, Adriano, resolveu ir na casa do dr. Luiz Carlos Canalis disparar os tiros". O próprio advogado do jardineiro disse que não acredita nessa versão.
Em fevereiro deste ano, o carro utilizado por Azambuja recebeu seis tiros de pistola, sem que houvesse feridos. Dias depois, ele decretou a prisão de 47 pessoas, entre elas policiais civis e militares, sob suspeita de envolvimento no atentado. Elas foram liberadas na semana seguinte por falta de provas.