No Dia Mundial de Prevenção à Gravidez na Adolescência, celebrado ontem, o Brasil apresentou uma estatística preocupante: o número de pré-adolescentes mães no país cresceu. De acordo com o registro de partos do Sistema Único de Saúde (SUS), a quantidade de meninas entre 10 e 14 anos de idade que deram à luz em hospitais públicos e conveniados passou de 24,8 mil, em 2005, para 26,3 mil no ano passado ; cerca de 6%. A erotização precoce e a dificuldade de acesso a contraceptivos, além da carência de educação sexual para crianças, são apontadas por especialistas como fatores que contribuem para o fenômeno.
Na contramão, a quantidade de jovens de 15 a 19 anos que tiveram filhos vem caindo desde 2001. Nos últimos três anos, os partos realizados pelo SUS nessa faixa etária passaram de 547,6 mil, em 2005, para 501 mil, em 2007. Nos últimos sete anos, a queda representa 18% do total de partos realizados pelo SUS. ;Isso se deve a maior acesso à informação e diálogo com as famílias;, avalia a coordenadora da área técnica de Saúde do Adolescente e do Jovem do Ministério da Saúde, Thereza de Lamare. No Distrito Federal, o SUS registrou apenas 10 partos a mais de adolescentes de 10 a 14 anos em 2007, na comparação com o ano anterior, e 18,9 mil partos a menos entre as jovens de 15 a 19 no mesmo período.
Thereza reconhece que a falta de sensibilidade dos profissionais de saúde para tratar do assunto contribui para as estatísticas. ;Os adolescentes têm direito de acesso aos métodos (contraceptivos), independentemente de presença ou autorização dos pais, mas há muitos tabus e conservadorismos sociais que se refletem no atendimento;, diz. De acordo com ela, os adolescentes devem ter garantido, inclusive, o acesso a exames como de HIV. ;O que não quer dizer que os pais deixem de ser envolvidos em caso de risco de morte;, ressalta. Mesmo nesses casos, o adolescente tem o direito de escolher quem deve receber a informação.
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