Mais de 140 mil alunos da rede pública, entre dez e 17 anos e em situação de pobreza, vão poder assistir gratuitamente aos jogos da Copa do Mundo da Fifa de Futsal 2008, que serão realizados de 30 de setembro a 19 de outubro nos ginásios Nilson Nelson, em Brasília, e no Maracanãzinho.
Os estudantes carentes terão acesso aos jogos graças a uma parceria firmada entre o comitê organizador da Copa do Mundo da Fifa de Futsal 2008 e os governos do Distrito Federal e do Rio de Janeiro, onde o evento será realizado.
O projeto Lotação Esgotada, anunciado hoje (16), no Buritinga (complexo administrativo do governo do DF), tem o objetivo de transformar em salas de aula os ginásios onde ocorrerão as competições entre as 20 seleções mundiais de futebol de salão. Além de reforçarem o público nas arquibancadas, os alunos terão aulas sobre as culturas dos diversos países que estarão no Brasil.
Para o presidente da Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS), a realização da Copa no Brasil representa o reconhecimento do país e de sua capacidade de organizar grandes eventos, já que este é o segundo maior torneio realizado pela Fifa.
No total, serão 80 mil crianças do DF e 60 mil do Rio que participarão do projeto. O diretor-executivo do comitê organizador da Copa, Hideraldo Martins, disse que cada criança vai ganhar dois lanches, com pizza, refrigerante, água e barra de cereais. Além disso, ganharão camiseta, gibis e cartilhas sobre futebol de salão.
Algumas pessoas mal-intencionadas falaram que o futebol [a Copa], em Brasília, ia acabar em pizza. Parece que profetizaram, brincou o secretário de Esporte do Distrito Federal, Aguinaldo Silva de Oliveira, ao saber que a pizza fará parte do lanche dos estudantes. As críticas, segundo ele, eram que as obras no ginásio Nilson Nelson não estariam prontas até o início da competição.
Os governos e os patrocinadores investiram R$ 5,2 milhões no projeto. Ao deixar o local onde o projeto foi apresentado, o governador do DF, José Roberto Arruda, previu que o Brasil vai ser campeão porque Brasília é pé quente.
O secretário de Educação do DF, José Luiz Valente, destacou as dimensões sociais do projeto. Hoje é difícil para a escola concorrer com as lan houses e os atrativos das ruas. Às vezes, Brasília é vista como uma ilha da fantasia lá fora, mas temos inúmeros problemas. Muitos alunos, por exemplo, nunca foram ao Plano Piloto [região do DF onde se situa a sede do poder público] e o evento vai contribuir para que isso ocorra. E o componente que os professores vão utilizar é o estudo sobre as culturas dos outros países, disse.
O governo do Distrito Federal escolheu para participar do projeto os alunos das escolas que foram melhor avaliadas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), Isso serve para criar uma cultura de meritocracia, explicou Valente. "Temos implantado aqui no DF uma cultura que valoriza muito o esforço próprio, pessoal e institucional, porque as desigualdades são muito grandes e as escolas que tinham avaliação 1,5 e agora têm mais de 3 tiveram crescimento de mais de 100% e isso merece ser premiado."