Jornal Correio Braziliense

Brasil

Mais uma criança morre em creche, no interior de São Paulo

;

A menina Viviane Nascimento dos Santos, de 1 ano e 9 meses, que morreu em uma creche na Zona Norte de São Paulo, foi enterrada nesta sexta-feira (12/09) no Cemitério da Vila Nova Cachoeirinha. A morte ocorreu na tarde de quinta-feira. Segundo a polícia, a menina estava com catapora. Os bombeiros foram acionados por volta das 15h para prestar socorro, mas quando chegaram ao local, encontraram o bebê morto. A instituição funcionava dentro de uma casa sem autorização da prefeitura. Segundo vizinhos, a responsável pela creche, identificada apenas como tia Marli, contou a vizinhos que a criança havia passado mal ainda de manhã. ;A Marli me falou que ligou às 10h para a mãe da criança vir buscá-la. Mas que ela (a mãe) não teve permissão do patrão para sair do trabalho;, contou a dona-de-casa Lígia Pellegrini, 75 anos. Para a polícia, Marli disse que Viviane estava com catapora desde o dia 5 e que sugeriu aos pais, Arildo Pereira dos Santos e Maria Aparecida do Nascimento, que levassem a menina a um hospital ;diversas vezes;. Um vidro de xarope e outro de dipirona sódica, usados no tratamento da menina sem orientação médica, foram apreendidos pela polícia, junto com a blusa e a calça de moletom que a menina usava. Marli consta como averiguada no inquérito de ;morte suspeita;, instaurado no 39º Distrito Policial. O pai, que foi cuidar da liberação do corpo no Instituto Médico Legal, não quis falar com a imprensa. A menina foi enterrada no cemitério Cachoeirinha ontem à tarde. Os vizinhos contaram que Marli cuida de crianças em sua casa, na Rua Ida Boschetti, Vila Ede, há pelo menos 20 anos. Cerca de 30 crianças estavam no local quando Viviane morreu. Ao receber a notícia da morte da filha, a mãe saiu do trabalho e foi até a creche. Chegou acompanhada do pai da menina e precisou ser socorrida em um hospital, pois entrou em estado de choque. A advogada da dona da creche não falou com a imprensa. Um laudo conclusivo com a causa da morte da menina deve ficar pronto em um mês. Alvará Fiscais da Prefeitura de São Paulo estiveram na creche ontem para intimar a dona a apresentar o alvará de funcionamento. Segundo eles, o imóvel tem registro apenas para uso residencial. Vizinhos e mães de alunos da escolinha definiram o ocorrido como uma fatalidade. ;Nunca ouvi uma criança chorar. Conheço muita gente que foi criada aqui;, contou a comerciante Maria Marlene Domingues Ibelli, 65 anos, vizinha do local. A auxiliar administrativa Ariani Alencar, 19 anos, freqüentou a casa de Marli dos 3 aos 15 anos. Ela fez questão de sair do trabalho para defender a dona da instituição. ;Minha mãe trabalhava o dia inteiro e me deixava aqui. Ela foi a pessoa que me criou. A tia Marli é um amor, tem um carinho muito grande pelas crianças;, afirmou Ariani, que em seguida começou a chorar. A professora Flávia da Silva, 29 anos, deixa os filhos na creche há dois anos e diz que nunca teve problemas. ;Ela é ótima. Muito prestativa. Minhas crianças adoram vir aqui. Confio plenamente nela;, garantiu. Atualmente, Marli cobrava entre R$ 50 e R$ 150 por mês para cuidar de cada criança.