Jornal Correio Braziliense

Brasil

Unicamp tem o maior número de depósitos de patentes no País

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A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, tornou-se destaque no livro "Brazil: The Natural Knowledge Economy", por ter o maior número de depósito de patentes registrado no País entre 1999 e 2003. O estudo elaborado pela organização britânica Demos foi lançado em julho, em Londres, e é parte do Projeto Atlas de Idéias, programa iniciado em 2006 e financiado por instituições européias com o objetivo de retratar o panorama da ciência, tecnologia e inovação no mundo. Entre outras instituições que também são citadas, como Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Petrobras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e Universidades de São Paulo (USP) e Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Unicamp é destacada pela pesquisadora Kirsten Bound, autora do trabalho, por ter alcançado 191 depósitos de patentes no período. Em 2006, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) divulgou relatório em que indicava a Unicamp como líder da lista, seguida da Petrobras, com 177 depósitos. Durante seis meses e em duas visitas ao Brasil, pesquisadores fizeram cem entrevistas em sete Estados. O relatório indica a surpresa dos europeus com o desenvolvimento brasileiro na área de ciência e tecnologia. "A Unicamp tem mais patentes requeridas do que qualquer outra universidade brasileira, sendo que 40% delas foram produzidas na área de química", diz o trabalho. Para o reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, o reconhecimento põe a universidade num patamar privilegiado de negociação. "A menção é importantíssima para a universidade estabelecer relações internacionais com outras instituições de ensino, centros de pesquisa e empresas", diz. Segundo o professor Roberto Lotufo, diretor-executivo da Agência de Inovação Inova Unicamp, atualmente, há 514 patentes depositadas pela universidade no Inpi. A Inova foi criada em 2003 para fortalecer parcerias da universidade com empresas, órgãos oficiais e organizações da sociedade e criar oportunidades para que atividades de ensino e pesquisa se beneficiem dessas interações - e contribuam para o desenvolvimento socioeconômico do País. "O ritmo do depósito de patentes foi mantido e também passamos a olhar melhor para o exterior", diz Lotufo. Em 2004, só no Brasil, a Unicamp depositou 51 patentes; em 2005, foram 65; em 2006, houve 54 depósitos; e, no ano passado, 46. "A queda ocorreu por problemas internos de fila para o depósito, mas a expectativa é de superar isso esse ano", diz Lotufo. Mais importante do que o número de patentes é o de contratos de licenciamento das tecnologias. "Não adianta só depositar a patente: a razão é ter a intenção de que as empresas coloquem essa tecnologia no mercado. Então, não tem destino útil à sociedade a patente que não é licenciada", afirma Lotufo. Para o reitor da Unicamp, "isso começa a beneficiar a população não só pelo uso direto do conhecimento gerado mas com as conseqüências, que são geração de emprego e renda e, portanto, de riqueza".