A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) apresentou nesta sexta-feira (05/09) os resultados da Operação Vale do Javari. Nos dois meses de trabalho, as equipes realizaram 2.300 exames para diagnosticar doenças como anemia, malária, verminoses, tuberculose, entre outras enfermidades junto à população indígena da região.
Apesar dos 500 casos de malária detectados na área, o médico da Funasa, Jayme Valência, que acompanhou a operação, afirmou que a situação não é tão grave quanto se imaginou. ;Não encontramos pessoas muito doentes. Por ser uma área de grande índice de malária, a maioria não apresentava sintomas da doença. Por isso nós fizemos exames em todos, inclusive nos bebês e encontramos alguns de apenas 20 dias que estavam se alimentando normalmente do leite materno, com exames positivo da malária;.
Segundo o médico a grande maioria de mortes, principalmente de crianças, são por diarréia, desidratação ou pneumonia. ;Muitas vezes [o óbito] não pode ser evitado, porque não se encontra profissionais na área para fazer o tratamento e por causa da distância não tem como remover esse paciente a tempo, nem sempre existe via aérea, e para fazer por via fluvial às vezes demora dez dias para se chegar a uma área [postos de atendimento];.
O diretor do Departamento de Saúde Indígena (Desai) da Funasa, Wanderley Guenka, garantiu que a Funasa já está tomando várias medidas, no sentido de diminuir os agravos de saúde no Vale do Javari. ;Primeiro vamos reorganizar a atenção, reestruturar as equipes, mudar as estratégias, melhorar a estrutura, com a construção de novos pólos-bases;, disse.
Ele afirmou ainda que, apesar da dificuldade de fazer construções no Vale do Javari, pelo difícil acesso para levar materiais, novos pólos já estão sendo construídos e os antigos reformados, para que possam abrigar as equipes de saúde. Outro objetivo, que também está dentro dos projetos da Funasa, é a instalação de geladeiras, que funcionam à base de energia solar, em todos os pólos para manter as vacinas. ;Já implantamos mais três e queremos que todos os pólos tenham uma [geladeira], para manter as vacinas, principalmente as de hepatite B;, disse.
Wanderley Guenka disse que é importante "fazer o diagnóstico precoce e o tratamento imediato das doenças, além do trabalho de meio ambiente para eliminar os anofelinos [mosquitos] portadores da malária. As equipes realizaram vacinação contra todas as doenças e medicaram todos os casos diagnosticados".
O projeto foi realizado em parceria com o Ministério da Defesa, os comandos da Aeronáutica, Marinha e Exercito e o Comando-Geral de Operações Aéreas (Comgar), reunindo uma equipe de cerca de 200 profissionais.