A isenção que o ministro Marco Aurélio Mello, publicamente favorável ao aborto de fetos anencéfalos, vinha mantendo durante as audiências públicas sobre o tema no Supremo Tribunal Federal (STF) foi quebrada ontem. No terceiro dia de debate, o ministro provocou o obstetra Dernival da Silva Brandão, presidente da Comissão de Ética e Cidadania da Academia Fluminense de Medicina, após sua exposição contrária à antecipação do parto no caso analisado. Marco Aurélio questionou o médico se ele defendia a tese de que o sofrimento purificaria o ser humano. Brandão, por sua vez, disse acreditar nessa premissa, afirmando que a dor aproxima as pessoas.
Em outro momento, Michele Gomes de Almeida, uma pernambucana que optou pela interrupção da gestação, levada à sessão do STF por grupos favoráveis à descriminalização do aborto de anencéfalos, foi chamada para falar sobre sua experiência na tribuna. Situação bem diferente ocorreu durante a primeira audiência, em 26 de agosto, quando Cacilda Galante Ferreira, mãe da menina Marcela de Jesus ; que, diagnosticada como anencéfala, viveu 1 ano e 8 meses ;, não foi chamada à mesa. Contrária à abreviação da gravidez nesse casos, Cacilda só pôde se manifestar informalmente, quando era abordada por jornalistas durante os intervalos da sessão.
Ministro do STF Marco Aurélio Mello fala sobre o tema