O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana informou nesta quarta-feira (3/9) que pretende protocolar nesta quinta-feira (4/9) um pedido de afastamento imediato dos policiais acusados de ter torturado três rapazes para que confessassem o assassinato de Vanessa Batista de Freitas, em Guarulhos (SP). Segundo o secretário-geral do órgão, Ariel de Castro Alves, o mais provável é que tenha ocorrido tortura.
"Pessoas inocentes são torturadas e obrigadas a confessar crimes que não cometeram. Isso infelizmente ocorre bastante dentro da atuação policial", disse.
Alves disse que, comprovados os crimes de tortura e de abuso de autoridade, os policiais envolvidos precisam ser responsabilizados. "Não podemos falar em erro nesse caso. Podemos falar em crime", afirmou.
O secretário também lembrou que esses três homens acusados de terem cometido o crime, assumido na semana passada por Leandro Basílio Rodrigues, correram até risco de vida na cadeia. Como eles foram acusados de violência sexual, estupro e morte de uma moça, eles corriam risco de ser abusados sexualmente na cadeia e de ser assassinados. "O Estado, com certeza, vai ter que indenizar essas pessoas", afirmou Alves.
O advogado Augusto Tolentino, que defende os três homens que foram presos pelo crime que afirmam não ter cometido, disse que acredita que houve erro do Judiciário no caso.
"Eles foram presos num flagrante armado, que foi relaxado pela Justiça, porém eles pediram a prisão temporária. No trigésimo dia, o delegado Antonio Carlos Cavalcanti relatou que não havia contra eles uma única prova que pudesse representar a continuação da prisão deles. Mas o promotor de Justiça pediu a preventiva e o juiz deu, num erro do Judiciário brutal", explicou
O advogado disse que seus clientes, soltos hoje, relataram que foram torturados para confessar o crime. "Eles fizeram exame de corpo de delito [na época], mas avisaram para eles que se reclamassem de uma dor-de-dente, morreriam", afirmou.
"O Ministério Público ter reconhecido o erro já é uma prova cabal para que o estado indenize essa injustiça absurda e esse erro do Judiciário grosseiro", revelou.