Na maior operação de combate à pedofilia realizada até agora no Brasil, a Polícia Federal prendeu três pessoas e apreendeu farta quantidade de pornografia infantil em 113 endereços de 17 Estados e do Distrito Federal, de onde o material era distribuído pela rede mundial de computadores. A maior parte das apreensões se concentrou em São Paulo, com 50 endereços devassados, sendo 22 só na capital paulista. O segundo do ranking foi o Rio Grande do Sul, com 16 mandados, seguido de mais dois Estados do Sul: Paraná e Santa Catarina, ambos com oito mandados.
A operação, chamada de Carrosel II, foi desencadeada em parceria com a Comissão Parlamentar de Inquérito da Pedofilia. Entre os endereços visitados pelos policiais há desde modestos barracos de favelas a mansões, sedes de grandes empresas, algumas de São Paulo, escritórios de todos os tipos, lan houses, aeroportos e até hospitais. Entre os suspeitos, há pobres e ricos, de profissões diversas, inclusive pediatras infantis. Dois suspeitos foram presos no Rio Grande do Sul e um em Belo Horizonte.
O diretor da Divisão de Combate aos Crimes Cibernéticos da PF, delegado Adalto Martins, encarregado da operação, informou que as investigações agora vão se intensificar com a análise do material apreendido. Os dados estão sendo compartilhados com pelo menos 70 países, onde milhares de pedófilos foram identificados a partir das investigações desencadeadas no Brasil desde dezembro de 2007, na Operação Carrosel I. A partir de 18 mil arquivos cedidos pela CPI, a PF estima que pode chegar a 7 mil pedófilos no Brasil e nesses países.
Só três suspeitos foram presos nesta terça porque a legislação brasileira não tipifica como crime a posse de material pornográfico infantil. As vítimas são crianças, com idade entre dois e 17 anos, que foram abusadas sexualmente e tiveram suas imagens distribuídas na internet para consumo da rede criminosa que se estende pelo mundo.