Jornal Correio Braziliense

Brasil

Ministro do STF diz que entre a ciência e entidades religiosas fica 'no meio termo'

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Ao participar nesta terça (26/08) de audiência pública sobre a interrupção da gravidez de fetos diagnosticados com anencefalia, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, afirmou que, no embate entre ciência e entidades religiosas, fica ;no meio termo;. Ele sinalizou, entretanto, que vê esse tipo de aborto como uma ;interrupção terapêutica; para o bem-estar da mulher grávida. ;É um Estado laico, mas precisamos perceber que vivemos em sociedade e [que] os anseios da sociedade não podem ser simplesmente colocados em segundo plano, eles são considerados. A visão do juiz é uma visão global, é a visão do conjunto.; Após a exposição de representantes da Igreja Católica, da Igreja Universal do Reino de Deus, da Associação Médico-Espírita e do movimento Católicas pelo Direito de Decidir e de especialistas do segmento técnico-científico, o ministro disse que ;não houve novidades;, mas que as ;diversificadas óticas; contribuem para a reflexão. ;Tivemos dois enfoques: o religioso e o técnico-científico. Precisamos considerar os dois já que as leis são feitas para os homens, e não os homens para as leis. Prevalecerá, já que o Supremo é o guarda maior, a Constituição federal;, destacou. Questionado sobre a ausência dos demais membros do STF, Marco Aurélio garantiu que o material referente às palestras de hoje será encaminhado aos ministros que concederão voto sobre a matéria. Ele alegou ;falta de tempo; para muitos, quando se trata de audiências públicas e lembrou que já deixou de assistir a alguns debates anteriores, embora não tenha deixado de se ;informar;. Mais dois debates sobre o assunto estão previstos para os dias 28 deste mês e 4 de setembro. De acordo com o ministro, após a conclusão das audiências públicas, o STF encaminhará o processo ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, e confeccionar um relatório para a votação sobre a matéria. Ele espera que, até novembro os ministros já estejam julgando o caso. Ao comentar a participação, na audiência de hoje, da mãe de Marcela de Jesus Galante Ferreira, bebê diagnosticado com anencefalia que sobreviveu um ano e oito meses, Mello disse que esse caso raro poderá exercer ;influência relativa; no posicionamento dos ministros do STF.