A Secretaria Estadual do Rio determinou nesta terça-feira (18/08) o afastamento da coordenadora da Central Estadual de Transplantes, Ellen Barroso, por falha administrativa. Uma sindicância concluiu que ela teve responsabilidade no caso de um rim transplantado por engano, em março. Além dela, por precaução, uma outra funcionária foi afastada. Elas terão 10 dias para apresentarem suas defesas. Ellen sucedeu no cargo o cirurgião Joaquim Ribeiro Filho, preso na operação Fura-Fila da Polícia Federal sob a acusação de desrespeitar a fila de transplantes de fígado.
O erro aconteceu em março, quando foi captado um rim que deveria beneficiar a empregada doméstica aposentada Maria das Graças de Jesus, de 60 anos. O órgão foi transplantado em outra pessoa, de nome parecido, Maria das Graças de Jesus Araújo, 51, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Ela acabou morrendo, dois meses depois. O subsecretário jurídico e de corregedoria da Secretaria de Saúde, Pedro Henrique Di Masi, disse que o relatório do médico que realizou o transplante informou que a paciente morreu de causas infecciosas. "Se fosse por rejeição provavelmente a morte teria acontecido mais rápido", avaliou a superintendente de Atenção Especializada, Hellen Miyamoto, que substituirá Ellen interinamente na Central de Transplantes.
Em nota, a Coordenação de Transplante Renal do Hospital Universitário informou que o hospital agiu como órgão executor. "A Central de Transplante foi quem determinou a realização do procedimento na paciente, que antes havia sido avaliada no Hospital Geral de Bonsucesso (HGB)". De acordo com a sindicância a paciente Maria das Graças de Jesus foi selecionada como a mais compatível para receber o rim. Mas a funcionária da central telefonou para a Maria das Graças de Jesus Araújo.
O Hospital Geral de Bonsucesso (HGB), que realizou exames pré-operatórios, não percebeu que se tratava de outra paciente. E o Hospital do Fundão transplantou uma paciente com o prontuário da outra. "Ninguém confirmou documento, nome e CPF. Houve falha na checagem, o que não quer dizer que houve má-fé", disse Di Masi, lembrando que uma paciente tem 60 anos, e a outra tinha 51.