Jornal Correio Braziliense

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Conselho Indígena de Roraima teme retorno de reassentados à Raposa Serra do Sol

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O coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Souza, teme o retorno dos agricultores reassentados Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, caso o Supremo Tribunal do Federal (STF) não mantenha a homologação em área contínua. O julgamento das ações que contestam a demarcação da terra indígena está marcado para o dia 27 de agosto. Desde a assinatura do decreto presidencial de homologação da reserva em área contínua, em 2005, mais de 130 famílias de não-indígenas foram reassentadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Se todos voltarem, vai ser um grande massacre indígena. A gente não quer o retorno deles, pois já soterraram nossos lagos e destruíram nossas matas, disse Souza. Em Pacaraima, município localizado a 215 quilômetros da capital Boa Vista, na divisa do Brasil com a Venezuela, a maior parte da população defende a permanência dos produtores rurais. O prefeito da cidade é o líder dos arrozeiros de Roraima, Paulo César Quartiero. A descendente indígena Marilaine Feitosa Pinto é moradora da Vila Surumu, distrito do município. Ela diz que a economia do estado depende dos produtores rurais. Os arrozeiros têm feito o que os representantes [do governo] não fazem. A comunidade aqui depende dos arrozeiros, sem eles, do que vamos sobreviver? Para o coordenador do CIR, as comunidade indígenas têm condições de sobreviver sem a atuação dos plantadores de arroz. Não dependemos deles, temos todo um plano para sustentar nosso povo. Temos 35 mil cabeças de gado e plantações de arroz, milho, feijão, mandioca, não vivemos de migalhas.