Os belo-horizontinos já passaram dias de medo com o fura-bundas e o cortador de cabelos compridos, que assombravam as mulheres no Centro da capital. Na terça-feira (22/07), a agente de viagens Rosileny Lisboa, de 37 anos, topou com um rapaz na rua que lhe aplicou uma agulha no braço esquerdo, em plena esquina das movimentadas avenidas Brasil e Afonso Pena, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul da capital mineira. ;Pensei que ele fosse me pedir alguma coisa, mas veio rápido, com uma agulha na mão, enfiou no meu braço e falou: vai para o hospital porque você vai morrer, está envenenada.;
Rosileny saía de uma agência bancária, na Avenida Brasil, pouco depois das 13h, quando o rapaz magro, com aparência de 16 anos, veio em sua direção. Não havia seringa. Era apenas uma agulha grande que ela não soube descrever por que, ao ver o objeto cravado em seu braço, tratou de tirá-lo rápido, jogando-o de volta no jovem. ;Fiquei muito nervosa;, contou. Depois de gritar muito com o rapaz no meio da rua, a agente de viagem foi chorando para o trabalho, na mesma região, sem saber o que fazer. ;Começou a sair sangue e entrei em pânico porque lembrei que ele tinha a boca cheia de feridas e havia dito que a agulha estava contaminada.; A partir daí, Rosileny Lisboa começou uma peregrinação em busca de atendimento médico, que só terminou quarta-feira.
Sem saber direito o que fazer, ela primeiro foi à central do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), seguiu para um hospital particular ligado ao seu convênio, mas que não tinha recursos e informações para atendê-la. ;Para completar, a médica falou que eu só tinha duas horas porque meu risco de pegar doenças e infecções só aumentaria;, disse. Em seguida, ela passou por outro hospital até ser encaminhada à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) na Avenida Barão Homem de Melo, na Região Oeste da cidade. Lá, encontrou profissional com informações para ajudá-la e fez um exame de sangue para saber se houve infecção. O resultado vai sair em uma semana e, enquanto espera, ela está orientada a tomar vacinas contra hepatite e tétano e remédios para quando há algum acidente com risco de contaminação pelo vírus da Aids.
Quarta-feira (23/07), Rosileny conseguiu a receita para os remédios de ;profilaxia pós-exposição acidental com material de risco;, que devem ser tomados por quatro semanas. Eles são fornecidos gratuitamente pela rede pública de saúde, mas a agente de viagens lamenta que havia desinformação nas unidades médicas por onde passou em busca de ajuda. ;Percebi que muita gente não sabe lidar com o assunto, apesar de haver os medicamentos gratuitos e de existir procedimentos para isso.; Ela acredita que já não corre riscos, mas foi orientada a fazer acompanhamento médico por seis meses e já marcou um horário com um infectologista para os próximos dias.
Polícia
Rosileny Lisboa conhece bem a região da ocorrência e diz nunca ter ouvido história parecida por ali. Ela nunca havia visto o rapaz que furou seu braço. A Polícia Militar não recebeu outras ocorrências do tipo. A Polícia Civil, onde ela registrou o caso, informou que abrirá inquérito para apuração, mas também não registrou caso similar.