Jornal Correio Braziliense

Brasil

Recesso escolar aumenta número de crianças trabalhando nas ruas das grandes cidades

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Com a chegada do recesso escolar de julho, um novo contingente de crianças e adolescentes se junta aos pequenos trabalhadores de todos os dias. São meninos e meninas, que vão para as ruas vender chicletes, balas e outros supérfulos, que possam interessar aos motoristas, no período em que deveriam brincar e descansar. É o caso de C.I.S., vendedor de chicletes em um sinal de trânsito de Brasília, que diz ter 12 anos e estar na sexta série do ensino fundamental. Eu venho vender só nas férias. Venho com uma amiga da minha mãe, que trabalha numa banquinha aqui perto. Chego de manhã e vou embora no começo da noite, conta. Ele jura que tem tempo pra brincar, mas diz que trabalha de segunda a sexta-feira. Por dia, ganho uns R$ 40. Aí dou o dinheiro pra minha mãe e fico com R$ 5. Ela compra coisas que a gente precisa, frutas, comida..., diz, acrescentando que tem uma irmã de 5 anos. A amiga da mãe de C. é Zenite Silva, vizinha deles na cidade satélite de São Sebastião, a 26 quilômetros de Brasília, uma das mais pobres do Distrito Federal. Nós moramos no lote ao lado. O lote deles é bom, mas a casa ainda não está construída, eles moram num barraco, explica. Ela conta uma história diferente sobre a escolaridade de C. Diz que o menino acabou de completar 11 anos e está atrasado na escola, cursando a terceira série do ensino fundamental. Mesmo assim, ela diz que isso não tem a ver com o trabalho e que o garoto vende chicletes por opção. Ele vem porque quer e a mãe dele deixa. Eu não chamei, mas se ele quer vir ajudar, eu aceito diz, com o menino ao lado, confirmando. Mas Zenite deixa claro o que pensa sobre o trabalho infantil. Quando eu era pequena minha mãe tinha uma escadinha [de filhos], e eu com 8 ou 10 anos de idade já fazia tudo, lavava louça no rio, panelas de ferro. E eu não morri. Trabalho não mata ninguém não, faz a gente dar valor. Essas crianças de hoje recebem tudo na mão e não valorizam, finaliza.