O estudante Pedro Velasco disse nesta terça-feira (01/07), em depoimento à policia, que amigos do estudante Daniel Duque, de 18 anos, morto a tiros durante uma briga em frente à boate Baronetti, na zona sul do Rio de Janeiro, tinham comportamento agressivo e quase dominaram o policial militar Marcos Parreira do Carmo, preso por ter feito os disparos, na madrugada de sábado. O rapaz é filho da promotora Márcia Velasco e o soldado fazia a sua segurança.
Aos policiais, Pedro disse que foi procurado por um casal de conhecidos que dizia estar sendo perseguido. Ele teria avisado ao segurança que daria carona ao dois, quando um grupo se aproximou, fazendo ameaças. O depoimento do filho da promotora corrobora a versão do militar, que disse estar se defendendo e que atingiu Daniel por acidente.
Nesta terça, Daniela Duque, mãe do estudante morto, participou de um protesto em frente ao Palácio Guanabara. A organização Rio de Paz instalou dois balões vermelhos em frente à sede do governo, para chamar a atenção para o número de mortes pela violência. Um dos balões representava Daniel. O outro, o menino Ramon Fernandes Domingues, de 6 anos, baleado na cabeça em frente de casa, na Favela do Muquiço, durante operação policial, no sábado. Daniela e a tia de Ramon, Iramar Luciano, se reuniram com o governador Sérgio Cabral (PMDB). Ele se solidarizou com as famílias e prometeu empenho na investigação das mortes
Comunicado
Em nota, a promotora Márcia Velasco, que está sob ameaça de morte há oito anos, desde que investigou o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, também se solidarizou com Daniela. No texto, ela lembra de sua luta contra a violência e conta que voltou a ser ameaçada pelo criminoso no último dia 19 de junho.
"Pedro sempre tentou ter uma vida mais próxima da normalidade, com todas as dificuldades que teve por causa de nossa situação. Fico triste ao ver que tantas pessoas o considerem um privilegiado por estar sempre protegido por um segurança. Na verdade Pedro é um prisioneiro, pela nossa condição de marcados para morrer." A promotora escreveu ainda que espera um julgamento justo para o soldado, que segundo ela, nunca havia disparado nos oito anos em que trabalharam juntos.