O tenente do Exército Vinicius Gidhetti de Moraes Andrade, o 1º sargento Leandro Maia Bueno e os soldados Fabiano Eloi dos Santos e José Ricardo Rodrigues de Araújo serão denunciados hoje por triplo homicídio qualificado pelos procuradores da República junto ao juízo da 7ª Vara Federal Criminal. Os sete militares que os acompanharam ao Morro da Mineira, onde entregaram aos traficantes os três jovens moradores do Morro da Providência, serão acusados de co-autoria, por terem se omitido quando podiam evitar os assassinatos. Apesar da diferença, as penas a que estão sujeitos - de 12 a 30 anos por morte - são iguais para todos.
O advogado João Tancredo, representante das famílias dos jovens mortos, recebeu ontem os documentos do processo criminal e vai entrar hoje com uma ação ordinária de reparação de danos materiais e morais. Também será requisitado tratamento médico imediato aos parentes e pagamento das despesas com o funeral e sepulturas perpétuas.
Os procuradores se convenceram da responsabilidade dos militares pelos assassinatos de Wellington Gonzaga da Costa, David Wilson Florenço da Silva e Marcos Paulo Rodrigues Campos, com base no diálogo entre o tenente Gidhetti e os jovens, no caminho para o Morro da Mineira, em uma parada no sambódromo, reproduzido nos depoimentos dos militares. O tenente foi à caçamba do caminhão e questionou os jovens se estavam arrependidos. Um disse: ;Não. Tô gostando.;
O oficial anunciou que eles seriam entregues aos traficantes e admitiu que poderiam morrer. Como nenhum dos demais militares fez nada para evitar a consumação do fato, eles responderão por omissão. Na denúncia, o sargento Maia será apontado como responsável pela negociação com os traficantes. O soldado Rodrigues como quem levou o grupo até o Morro da Mineira e seu colega Fabiano será responsabilizado por ter evitado que um dos jovens fugisse.